O tempo passa e as ideias escasseiam. Tenho umas quantas centenas de fotos para partilhar, mas ando tão cansado que a minha fonte criativa secou. Pelo menos no que diz respeito à escrita. Sento-me em frente ao computador e as palavras recusam-se a fluir como antes. No entanto o meu talento tem crescido exponencialmente quando vejo o mundo através da objectiva da minha câmara.
Confesso que tem sido um mês de loucos… e só piorou nas últimas duas semanas. Estamos neste momento reduzidos a dois enfermeiros, com “agradáveis” turnos de vinte e quatro horas. Agradeçamos ao vulcão cujo nome não consigo pronunciar e ao mau tempo de hoje nas Bahamas.
Desde que aqui larguei a minha última posta já aconteceu muita coisa. Fui descer o Rio Rebentacíon uma vez mais, o Miracle deixou a Florida e mudou-se de novo para Nova Iorque, a minha húngara preferida veio passar férias comigo, passámos três dias em Bermuda e agora a minha húngara foi embora… preparar o Freedom para a minha chegada daqui a dois meses.
Estou agora no itinerário onde passei seis meses aquando da minha passagem pelo Destiny. Foi com alegria que esta semana re-visitei o paraíso de Grand Turk e já sonho em nadar de novo nas cristalinas águas de Half Moon Cay daqui a duas semanas.
Para dar ânimo à coisa terei na próxima semana uma estreia: a oportunidade de visitar Puerto Rico. Depois mostro as fotos! ; )
Falta-me menos de um mês para umas merecidas férias. E aproveito a posta de hoje para iniciar a contagem decrescente oficial!
DE FÉRIAS EM VINTE E SEIS DIAS
Nota: esta posta NÃO foi escrita ao abrigo do acordo ortográfico
V12 – Rock Out (Live – 1ª Parte do Concerto de Xutos e Pontapés em Faro)
Ponha a mão no ar quem sentiu a minha falta! Já lá vai um mês desde a última vez que dei novidades. Presumo que pensem "este gajo anda metido em tantas festas que nem tem tempo para escrever". E realmente tenho andado metido, até ao pescoço, mas não é em festas. E para bom entendedor meia palavra basta. Quando estive em Portugal no Natal fiz um pequeno jantar com amigos. E nesse jantar, antes de irmos cada um para o seu lado, o Toscano disse-me "tens de escrever acerca das coisas más e trabalhosas também". Isto porque mencionei o blog e como este chegou a pessoas fora do meu círculo de amigos que acham que ando na boa vida e que ainda sou pago para isso.
Desde o nascimento deste cantinho, há já dois anos, que o Bacalhau das Caraíbas tem sido uma montra das coisas boas que encontrei por aqui. Houve dias maus, dias muito maus, dias ainda piores, coração sofrido, tristeza, revolta, saudade, ciúme e solidão. Mas nunca isso foi exposto aqui. Desde sempre o objectivo deste blog foi servir como um diário das coisas boas apenas.
A minha ausência por mais de um mês deveu-se a um conjunto de factores que passo a explicar.
Como sabem, normalmente publico algo quando tenho estórias e fotos novas para partilhar. Fotos de festas, de dias na praia, de excursões a locais paradisíacos, de bons momentos. E esses eventos obviamente ocorrem no meu tempo livre… afinal de contas, a CCL não me paga para viajar e publicitar a companhia num blog de terceira categoria. Pagam-me para trabalhar e para dar o meu melhor.
Desde Janeiro que embarquei (inevitável metáfora) na aventura da gestão. E se antes tinha imenso tempo livre e, no final do meu turno, não me chateava com nada, desde que tenho "Lead Nurse" escrito por baixo do meu nome no crachá, tempo livre é um luxo que não possuo. Os turnos deixaram de ter horas para terminar, as folgas deixaram de o ser e já pensei em contratar uma secretária para atender o meu telefone móvel e responder aos e-mails. Não é preciso ser um génio da matemática para perceber a regra A=B, B=C logo A=C. Se os posts no blog eram sinónimo de festas e festas eram sinónimos de tempo livre, logo posts no blog eram sinónimo de tempo livre. Creio que um mês sem fotos, vídeos ou um curto parágrafo que seja é ilustrativo do tipo de vida que tenho levado.
Foi apenas recentemente que consegui sair de onde estava enterrado até ao pescoço. Neste momento estou apenas pela cintura, mas já é suficiente para tirar umas fotos, chegar com as mãos ao teclado e escrever qualquer coisinha.
Neste mês de ausência tive uma semana com inspectores da corporação a bordo, recebi uma nova máquina para fazer hemogramas em sete minutos, tive treino para saber usá-la, vi a namorada ir de férias e regressar para viajar comigo, tive inúmeras emergências e situações que me tiraram o sono, participei em todos os treinos e exercícios mensais de resgate, fogo, emergências médicas, controlo de danos e o treino semestral de evacuação médica por helicóptero, pratiquei e subi ao palco com uma guitarra emprestada, criei uma tonelada e meia de papel em burocracias e troquei o dobro em emails, fiz a minha re-certificação em suporte básico e avançado de vida (com zero respostas erradas em ambos os testes, os formadores até ficaram a pensar que eu percebo alguma coisa daquilo), treino de resgate na água, fiz todos os meus turnos, trabalhei por uma enfermeira que ficou doente e, no meio disso tudo, ainda consegui encontrar tempo para dormir e sentar-me na sanita (não tantas vezes como gostaria).
Sim, nestes dois anos juntei muitas fotos de aventuras e locais exóticos, mas trabalhei muito mais do que a maioria de vós imagina. É como costumo dizer: a minha companhia não cresceu e se tornou uma das maiores potências da indústria de cruzeiros pagando aos funcionários para passarem férias a bordo. Aqui trabalha-se!
Felizmente nesta última semana, entre treinos e trabalho, consegui escapar-me para fora do Miracle, visitar o Carnival Dream, o nosso maior navio, e dar um saltinho à praia.
Até consegui comprar um anel de noivado e dá-lo a quem o merece, em palco, depois de uma desastrosa prestação na guitarra, com umas centenas de pessoas a aplaudir. Afinal de contas, há sempre tempo para o que queremos. E hoje quis escrever-vos qualquer coisinha.