domingo, 30 de novembro de 2008

Adivinhem quem…

… saíu ontem do navio com um doente. Fui içado por um cabo de aço para um helicóptero da guarda costeira norte-americana, de noite, no meio do mar. “Granda” maluqueira!

Banda sonora desta posta, acompanhada do genérico de umas das minhas séries preferidas nos verdes anos. Os da minha idade ou mais velhinhos certamente se lembram disto!

Agora olha aqui este jogo, que eu “inbentei”. Içam-te para um helicóptero com um doente, voam durante vinte e seis minutos (são pontuais estes gajos, pá), pousam numa plataforma petrolífera para reabastecer, depois voam mais hora e meia e pousam no telhado dum hospital num sítio que não fazes idéia onde é. Aí largas o doente, passas toda a informação, recolhes o teu equipamento e descobres que estás algures em Houston e que ninguém está à tua espera. Tens duas hipóteses. Hipótese A): sentes-te perdido e ligas à tua mãezinha para te ajudar a voltar para casa. Hipótese B): chamas um táxi, carregas todo o aparato médico e páras no primeiro hotel que encontrares no sítio que julgares ser o mais perto do porto onde o navio vai estar no dia seguinte. Sabem qual é que eu escolhia? Escolhia a B)! Depois às três da manhã, morto de fome, enfardava dois pacotes de bolachas com pepitas de chocolate, enfiava-me na cama, dormia quatro horas e era acordado com telefonemas de pessoas a falar uma língua estrangeira e a dizer-te que afinal de contas não vais dormir tanto tempo como esperavas antes de regressar ao navio.

E com isto vos deixo. Vou tomar o pequeno-almoço e apanhar outro táxi para regressar à minha casa flutuante. Como sempre, aos Domingos, o Conquest está parado em Galveston. Quem diria que um dia me tornaria um nómada…

Procura-se criminoso de nome Luís Fagulha. É perigoso e está armado... em desnaturado. As fotos da heli-evacuação ficam para um próximo post.

E já agora, alguém é capaz de dizer ao Fagulha que de vez em quando era fixe receber alguma novidade dele? Digam-lhe também que dá jeito ele responder às minhas mensagens, particularmente quando terminam com um ponto de interrogação… diz que essas são perguntas ou uma coisa assim.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Vida dura…

Clicar no botão play para ouvir a música de fundo desta semana:
Nickelback - Rockstar

No barco para a Isla Passion. Nunca tinha visto o mar de Cozumel tão azul... curti!

Há uma semana atrás, no seguimento duma emergência, relembrei o que é ser enfermeiro a limpar vómito e outros resíduos orgânicos com cheiro característico. Também relembrei o que é passar a noite acordado a tomar conta de alguém. Esta semana, para não me desabituar, aconteceu o mesmo. Não tive de limpar nada, mas passei a noite acordado na enfermaria. TIrando isso não tenho novidades. A vida por aqui faz-se da mesma maneira: muito tempo livre, folgas ao sol, leitura, guitarra, playstation e, à noite, borga com os amigos. Fui numa excursão de tripulantes à Isla Passion, pertinho de Cozumel. É uma ilha privada onde fazem excursões para a malta ir curtir com comida e bebida até fartar, praia, kayak, segways todo-o-terreno, trampolim dentro de água e sei lá mais o quê. Recordei os meus tempos de jogador de volley. Tive saudades da minha velha equipa… Edgar, Duarte, Russo, Veiga, Frade e todos os outros. Jogar em equipa é algo de que sinto falta. Ter um papel específico em cada posição, saber que os outros dependem de ti e que tu dependes deles. E ter uma treinadora a dar-nos na cabeça para abrirmos os olhos. Ali na Isla Passion eram raras as vezes em que se davam três toques na bola antes de mandá-la para o outro lado da rede. Mas apesar da ferrugem e de não ter comigo a minha equipa, consegui trazer de volta os serviços destruidores e dar seis pontos de seguida à equipa! É só perceber quem não se entende do outro lado e bater a bola para lá… ou recebem mal ou alguém sai da sua posição para ir apanhar a bola que supostamente era doutro jogador. O resultado é sempre confusão e perda de pontos. Não pensei foi que ainda conseguisse servir com precisão. Não consegui fazer mais nada para além de servir à matador… o resto da técnica deixei em casa antes de vir para este lado do Atlântico! Fiquei foi com idéias de criar equipas para jogarmos no navio. Há gente suficiente e um campo de volley. Só precisamos duma bola e vontade!

À chegada da Isla Passion, o Conquest já estava iluminado, preparado para a noite.

À noite é mesmo lindo!É giro estar aqui, ouvir os amigos em Portugal a queixarem-se que está um frio de rachar… e ir à rua e não perceber onde está o frio de que falam! É uma vidinha boa a que se tem por cá. Quando me apetece vou aos restaurantes dos passageiros. Gosto particularmente da comida oriental e do restaurante de mariscos. E há que dar especial destaque ao facto de ser grátis, isso também engrandece a coisa.

Os loiros à espera doutra loira... a Magda esqueceu-se duma cena e ficámos a abobrar quase meia-hora!

Já falta pouco para o reencontro!Não tenho mesmo muito para dizer. É a mesma vida rotineira que levo desde que vim para cá no início do ano. A única novidade é que vou a Paris em Janeiro, vou visitar a Nikki e vou vê-la dançar no Moulin Rouge!!! E, melhor ainda, vou muito bem acompanhado!     ; )

Deixo aqui um beijinho grande grande grande para a Nikki, com um “até já… neiro”.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Há dias maus…

No táxi entre o Conquest e Grand Cayman

E hoje foi um deles. Esta semana começou com o regresso duma malfadada amigdalite. Não é das más… não é como a que aqui publiquei em Setembro. Nem sequer dói. Só sinto que levei um enxerto de porrada e não penso em mais nada que não seja passar o dia na cama a curá-la. Até aí tudo bem e tenho feito por isso. Não fosse por nas duas últimas noites ter acordado às cinco da manhã, qual velho que já não precisa dormir, e sem conseguir voltar a adormecer antes de ir trabalhar. E vá, hoje acordei de um pesadelo onde me tinham roubado o portátil do carro. Acordei a gemer e quase a chorar porque tinha perdido todas as fotos que fui tirando desde que embarquei nesta aventura em Janeiro – só para satisfazer a vossa curiosidade tenho, na pasta “Fotos Carnival”, sete mil trezentos e trinta e quatro ficheiros, entre fotos e vídeos, num total de cento e dezasséis subpastas ocupando dezasséis gigas. Fica a nota mental para gravar tudo em DVDs, para o caso do pesadelo se tornar realidade e o portátil ganhar asas e ganhar outro dono.

Cayman e a minha cidade flutuante. Uma das melhores fotos que já tirei. Vale a pena clicar para ver no tamanho original!

O sonho era estúpido, como normalmente tendem a ser. O carro era o velho Fiat Uno da minha mãe e, no sonho, não tinha a porta do lado direito. Foi por aí que entraram e roubaram APENAS o portátil de dentro da mochila, quando toda a minha bagagem estava no banco de trás. E já agora, o carro estava comigo algures numa ilha qualquer das Honduras, a fazer sei lá o quê. Sei que quando dei pela falta do portátil na mochila pensei incrédulo “tchééééé, como fui capaz de esquecer-me que o carro não tinha porta e que eles podiam entrar por ali”! Mesmo cenas maradas típicas dos pesadelos.

Vive-se bem por aqui...

Como acordei tão cedo e só começava a trabalhar às sete e meia, aproveitei para retomar o velho e esquecido hábito da leitura. Acabei ontem o primeiro volume de The Dark Tower, a épica aventura de Roland, pelo mestre Stephen King. E assim comecei esta madrugada o segundo volume. Tomei o pequeno almoço saudável a que me tenho habituado – bananinha cortada às rodelas coberta com iogurte de morango – cheguei à enfermaria antes das sete e meia para ver o mail com calma, fiz todas as coisas que tinha para fazer antes de abrir a “loja” e… recebo uma chamada para um passageiro inconsciente caído no elevador. Lá fui eu de mala às costas e a acordar a malta toda pelo rádio. Saltando os pormenores, o passageiro está na enfermaria desde essa hora e será desembarcado daqui a duas horas quando chegarmos a Grand Cayman. Não o foi ontem porque devido ao mau tempo na Jamaica nem sequer foi permitido que chegássemos ao porto. Foi engraçado, porque para além da estúpida carga de trabalho que este doente me deu, ainda saltámos o porto de Montego Bay, o navio parecia uma montanha-russa e era só gente mal-disposta a vir à enfermaria e a ligar-me a pedir ajuda. Até a médica estava mais para lá do que para cá com a ondulação… só eu, o gajo que precisou enfiar um supositório no cú aos vinte e três anos de idade (imperdoável, eu sei) para não se vomitar todo numa tempestadezinha da treta no Mediterrâneo, é que estava aqui fresquinho que nem uma alface. Confesso que hoje fui mais enfermeiro do que tinha sido desde que larguei a urgência do Amadora-Sintra… e apenas porque finalmente voltei a lavar um rabinho cagado. Já nem me lembrava do cheiro, da textura ou de como fica agarrada aos pêlos… pelo menos no dos outros!

Uma noite de trabalho... no Bar!

E para terminar em grande, passei a noite na enfermaria com o doente. Está mais estável, mas vai ser desembarcado na mesma. Tenho folga hoje e amanhã, só volto a trabalhar no sábado às quatro da tarde! Ao menos isso.

E para terminar, como diria o meu amigo Bruno Aleixo, olha aqui este jogo que inventei agora. Começas a ver a tua série preferida e eles mostram um personagem hospitalizado e, como profissional de saúde, não consegues conter a tua indignação com os erros parvos que encontras. Deixo uma pequena reflexão e demonstro a minha indignação. Sou fiel seguidor de duas séries da NBC: “Heroes”, agora na terceira e empolgante temporada, e a novíssima “My Own Worst Enemy”, com Christian Slater no papel principal. Ambas passam aqui em horário nobre na NBC à Segunda-Feira. E ando a remoer nesta desde há dois episódios ou três episódios atrás. O Arthur Petrelli, pai do Peter e Nathan, esteve completamente paralizado numa cama durante mais de um ano. Ventilado por uma traqueostomia… e ainda assim com oxigénio por óculos nasais. Era para quê? Para manter as narinas fresquinhas? MAS O QUE É ISTO!?

Descubram os erros!

Esta já está um bocadinho mais bem enquadrada... mas apenas porque a recortei! É no que dá confiar nos outros para nos tirar fotos!

Esta gente não consulta um especialista antes de montar o cenário dum hospital?! E porque raio se ouve sempre um ventilador quando alguém está num hospital, mesmo quando o personagem está consciente e apenas com uma simples máscara de oxigénio?

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Só uma musiquinha para vocês

Montego Bay - Scratchy's Beach

Deixo-vos uma música do caraças que tenho ouvido na minha rádio preferida – Cayrock!
Uma rápida pesquisa no youtube mostrou-me que é cantada pelo Chris Daughtry, mas que é uma cover dos velhinhos Foreigner. “Granda malha”! É como me sinto por aqui a apanhar solinho nas Caraíbas quando em Portugal estão 10 graus!

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Pitu Pitu

Lembrem-se: para fundo musical cliquem o botão "Play".
A banda holandesa Kane, com "Rain Down On Me".

Sempre a ser abusado!Parece que os meus melhores amigos são… melhores amigas. Tenho passado quase todo o meu tempo com o trio clássico. São miúdas fixes, ainda que tenham a “estranha” tendência de desatar a falar polaco e deixar-me sem apanhar nada. Até agora só sei dizer “OK” e outra coisa que não pode ser descrita aqui… afinal de contas este é um blog para miúdos e graúdos!

Ontem passámos o dia na praia, num sítio super escondido na Jamaica. Senti aquela vontade de explorar o lado oculto da Jamaica, em vez dos lugares turísticos, que para mim não têm qualquer interesse. A meu ver, todo o reboliço em redor da Jamaica como destino turístico são apenas um mito. Podendo escolher entre Jamaica e Grand Cayman (se deixarmos de parte que Cayman é muito cara) “amandem-se” para a segunda “mazé”! Depois do dia no submundo duma praia escondida em Montego Bay voltámos ao navio e fomos ao ginásio. Era altura da Weronika ensinar-me a dançar salsa. Afinal, ter uma amiga professora de salsa tem de ter vantagens! Mas o treino ontem era o que chamou “separation” e consiste em treinar a movimentação “independente” das diferentes partes do corpo. Sinceramente, é muito mais fixe de ver do que fazer!      ; )   ---Raúl e Jorge, parece que a menina loira que se mexia de forma hipnotizadora (para não dizer outra coisa) quando vos mostrava o ginásio era a Weronika… ainda bem que a Paula e Lara vos puxaram para fora da sala, já que o resto do treino dela é algo de inesquecível!---

Magda, Iza e eu.

Descobri que o nome do trio clássico é Pitu Pitu. Diz que em polaco “pitu pitu” é o som não harmonioso dum arco a passar sobre as cordas dum violino. Obviamente cumpri o meu dever cívico de explicar-lhes o que significa “pitu” (ou “pito”) em linguagem popular portuguesa… e não estou a falar de galináceos bebés! Sendo elas três gajas boas, mandei a inevitável piada… que à luz do significado do nome delas na minha língua, o trio deveria chamar-se “Pitu Pitu Pitu”!

Equipamento de Seleção, bandana da Seleção e bandeira nacional a pender do braço esquerdo, aqui a envolver parte da Polónia. Até as meias do equipamento dizem Portugal atrás! Orgulho Nacional! À noite houve festa para a tripulação. “Festa Internacional”, onde era suposto irmos vestidos de forma a representar o nosso país. Fui à bimbo, mas ninguém diria que eu vinha de outro sítio que não fosse Portugal! Adormeci e cheguei depois da entrega do prémio para o melhor traje… e foi pena, porque não havia ninguém com mais alusões ao seu país do que eu.

domingo, 9 de novembro de 2008

Por insistência do Templas…

Conquest
Crew Talent Show

Tanto pediu que me decidi a rever o vídeo. Duas ou três semanas depois já não me soa tão mal como na altura. Esta coisa de subir ao palco e querer fazer duas coisas sozinho tem muito que se lhe diga. Se cantar ou tocar sozinho seria fácil, fazer ambas as coisas é um bocadinho mais complicado. E os nervos não ajudam. O ensaio correu espectacularmente bem, não mandei um único prego e estavamos a ajustar a equalização e níveis de volume ao mesmo tempo. Chega a hora de actuar perante uma plateia de três dígitos e sente-se, de vez em quando, uma espécie de murro no peito. É uma sensação engraçada, mas é também tramada. Em palco o pensamento tende a voar para outros lugares, perde-se a concentração… e esquecem-se as letras, trocam-se os dedos e treme-nos a voz. Ainda assim podia ter sido pior.

O tamanho da sala inspira respeito... isto é quase como tocar no Coliseu!

Realço entrar desafinado e inseguro nos primeiros versos, esquecer-me da letra e cantar “na-na-na-na-na-naaaan” e o prego que mais me dói no coração: a meio do solo. Nem vale a pena falar nos tempos, porque sem uma banda por trás e a pensar em coisas estúpidas enquanto canto e toco é impossível manter-me num tempo certo… os nervos levam-me a acelerar ---isto é coisa que os Alfacinhas sabem muito bem!---

Percebi que o amplificador tem um som excelente mas que perco “sustain” se o ligo directamente à mesa de mistura, como fiz. Isto porque na música original o Kirk usa um “e-bow” para manter a nota por tempo indeterminado e eu nos ensaios conseguia fazê-lo com o volume bem alto e um feedback controlado. Ligado directamente à mesa de mistura perdi a saída de som no amplificador e lá se foi o feedback que eu precisava. E lamento a inexistência de um pedal para mudar os canais do amplificador… é a desvantagem dum aparelho portátil para treino e uso caseiro. Ainda assim gostei… aprendi que devo ter sempre uma cena ensaiada porque nunca sei quando vou ter um espectáculo daí a dois dias! E pensar que foi no dia da actuação que me decidi a tocar esta música em vez do Unwell dos Matchbox 20. O Unwell ia fazer-me brilhar (uma luz fraquinha, claro) na parte vocal, mas instrumentalmente era fraquinho. No Nothing Else Matters podia fazer um brilharete com o solo e tal. Não correu como esperava mas agora não acho mau de todo. Era suposto divertir-me e divertir os outros. Objectivo cumprido! Preciso fazer isto mais vezes para me habituar ao palco e aprender a manter a concentração.

Esta é a vista que temos de cima do palco. Com as cadeiras cheias é de deixar-nos os nervos em franja!

Entretanto o mau tempo em Cayman era devido ao furacão que se aproximava. Passou por lá ontem e, segundo ouvi dizer, não foi mau de todo. Já Cuba não pode dizer o mesmo, porque vi nas notícias que ia atingir a costa deles como Categoria 4 e isso é estupidamente brutal. Aqueles gajos não têm sorte nenhuma, coitados!

Deixo mais um vídeo. Um que já fiz há uns dias quando estava “abandonado” em Cayman com um miserável mau tempo, prenúncio do furacão que se aproximava.

A música que se ouvia no fundo era da melhor rádio do mundo: CayRock! Uma rádio local em Grand Cayman. Um verdadeiro hino ao Rock! Podem ouvi-la na internet se clicarem neste link e usá-la como banda sonora de fundo para os meus posts daqui em diante!

CayRock

A melhor rádio do Mundo!

 

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Pequena actualização

Sendo que o post anterior foi escrito e publicado a correr, nem tive tempo de revê-lo. Obviamente tinha montes de erros e frases sem sentido. Soava mal. Como gosto disto bem escritinho e arrumadinho, acabei de actualizá-lo. Peço desculpa pelas calinadas de ontem!

Conquest e Triumph lado a lado em Puerta Maya - Cozumel

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Azar de uns, sorte de outros…

A despedida de um amigo

Há dois dias atrás acordei da minha sesta com um telefonema. Pediram-me para ir à enfermaria, a chefe queria falar comigo e pensei “devo ter feito porcaria”. Mas afinal era outra coisa. O navio estava a desviar-se do seu curso para desembarcarmos duas pessoas em Grand Cayman. Fui o eleito para sair e escoltá-los ao hospital. Fazer malas, tratar das papeladas para sair e aproveitar as duas últimas horas a bordo para ir ao ginásio. Gosto desta nova relação que desenvolvi com o meu corpo. Ir lá diariamente faz-me sentir bem, com mais energia, com mais força. E já que sair do navio implicaria ficar em Grand Cayman por duas noites até o Conquest regressar, não quis passar esses dias sem ir ao ginásio cansar-me mais um bocadinho.

Iza e eu a fazermos parvoíces. A minha violoncelista preferida!

O Conquest chegou perto de Grand Cayman e tinhamos já um “tender boat” à nossa espera. Era noite, escuro como breu. O Conquest à noite é uma visão esplendorosa, enorme, coberto de luzes com a noite negra como fundo. Estavamos muito mais longe da costa do que nos dias normais em que visitamos Georgetown. Doentes trnasferidos para a lancha e o piloto levou-nos em direção ao porto. Estavamos ainda perto e vi o Conquest girar sobre si mesmo e partir rumo à Jamaica. Uma cidade flutuante a mover-se de forma tão graciosa, lenta mas decididamente. Tive de conter-me para não sacar da câmara e capturar a imagem… afinal, a minha missão ali era outra.

Weronika, a minha violinista preferida.

Correu tudo bem, chegámos ao hospital e as “mercadorias” foram entregues em segurança. Restou-me ser transportado ao hotel onde fiquei, com tudo pago, até esta manhã. Não fiz nadinha. Infelizmente choveu tanto que não me arrisquei sequer a ir à rua. O tempo estava tão mau que cheguei a pensar que o Conquest não viria cá e eu teria de voar para Cozumel. Hoje finalmente a chuva e os ventos fortes acalmaram, mas é apenas temporário. Uma depressão tropical formou-se mais a sul, perto das Honduras e Nicarágua. Prevê-se que esteja a tornar-se um furacão e chega a Cayman no Domingo. O clima só tende a piorar e o Conquest está em alerta. Vamos até sair daqui uma hora mais cedo do que o habitual.

A minha pista de corrida no piso 11 do Conquest

E falando em furacões, no passado Domingo mudámos de casa novamente. Deixámos Houston e regressámos ao nosso antigo poiso: a ilha de Galveston. Foi com a esperança de ver uma cidade reconstruída que saí do navio… mas fiquei chocado. O furacão deu mesmo cabo daquilo. Um mês e tal depois Galveston continua uma ruína, uma cidade fantasma. O comércio é inexistente, ainda há imensos destroços nas ruas e conseguimos andar quinze ou vinte minutos sem nos cruzarmos com alguém. É desolador. Uma ilha totalmente plana que foi varrida pelas águas e ficou submersa até o Ike ir embora.

Galveston vista do piso 14 do Conquest

Ainda assim consegui andar à caça, de telemóvel em punho, e encontrei um sítio com internet: a casa de sandwiches Subway. Comi, “bubi” e vi as novidades na net.

Galveston em reconstrução Um infantário fechado em Galveston

Quando barcos deste tamanho chegam às ruas, percebe-se o quanto subiu o nível das águas.

Entretanto tenho uma novidade bombástica! Sabiam que o Bruno Aleixo não está morto?? Ele simulou a sua morte! Estou em choque…. eu fui um dos que chorou quando ele partiu. Espalhei a sua palavra. E afinal de contas ele está lá longe a rir-se de nós.

Vim para cá, fugi de casa, mas nunca tive nenhum “ninjer” atrás de mim! Nem deixei para trás um caixão com uma coruja… confesso que teria sido uma boa idéia. Não acham?

E assim me despeço por hoje. Deixo-vos com a foto do Aris a abrir a prenda de despedida que fiz para ele. Foi uma grande idéia da Chris e deu trabalho, mas começo a gostar dos resultados que obtenho no Photoshop! Peguei numa foto do Aris, apaguei o fundo (que era a enfermaria) e meti-o na Acrópolis de Atenas. Mandámos imprimir numa tela gigante e ficou lindo!

A obra de arte! PB010678

Até à próxima Aris! Fico à espera das tais férias que planeias fazer em Portugal. E, já agora, em usar a tua casa quando me der na cabeça de ir a Atenas outra vez!       ; )