E assim chega o final da minha novela Caribenha. Termina esta mas começa outra… mais arriscada, mais à homem de barba rija. O Bacalhau das Caraíbas está preste a tornar-se o Bacalhau da Guiné. Estou agora sentado no aeroporto de Tampa a aguardar o voo que me levará a casa por uns dias. Mal terei tempo para descansar e já estou a caminho de Paris para formação. Aproveitarei para ver a Nikki, que é coisa para acontecer a cada dois anos, e comer uns crépes com “chiclate”.
Deixo-vos com esta espectacular obra-prima à venda em supermercados: otoscópio caseiro! Um produto Doutora Mãe, para detectar otites atempadamente. Até tem fotos de ouvidos para a mãe poder fazer um diagnóstico informado. Sem dúvida um excelente exemplo da miséria que é o “sistema” de saúde “amaricano”.
A vida continua a andar à velocidade do costume aqui por estes lados. O calor constante faz das Caraíbas o Alentejo das Américas: sempre nas calmas e com hora da sesta, mas com mais boazonas a passearem-se em bikini.
Finalmente almocei com a Cláudia em Cozumel. A Cláudia será a minha seguidora na Carnival quando eu largar a “faina” em Julho. Quando terminar este contrato e deixar as Caraíbas, ela passará a ser a única enfermeira portuguesa aqui desde lado. Será também a única presença enfermeiro-tuga na blogosfera cruzeirística. Vai-se o “Bacalhau das Caraíbas”, fica “A Vida Faz-me Bem”. O modelo, princípios, experiências e até locais descritos no diário dela são parecidos. Mas será que seguirá o mesmo rumo? Será que estará a partilhar fotos do casamento dela ao final de três anos? Será que irá queixar-se da falta de tempo de ser-se chefe? Será que aguentará três anos disto? É uma novela que certamente seguirei atentamente! E eu, com sorte, criarei o “Bacalhau do Ultramar” ou o “Bacalhau com Cachupa”. Na pior das hipóteses crio o blog “Limpar-Rabos-a-Recibos-Verdes-Sob-o-Olhar-Ditador-do-FMI-Enquanto-Choro-Com-Saudades-da-Vidinha-nos-Barcos.blogspot.com”. O futuro mostra-se incerto…
Muitos pensam que arranjar trabalho aqui é difícil, impossível até. Dizem que “é muito cão para o mesmo osso”, o que não poderia estar mais longe da verdade. Estou em contagem decrescente para o dia em que uma das minhas enfermeiras vai embora de férias e eu fico com um elemento a menos. Avizinham-se tempos difíceis para a equipa, pois a matemática é cruel: apenas dois enfermeiros significa turnos de 24 horas até recebermos um substituto. Alguém quer um emprego? Aproveitem enquanto ainda posso meter cunha.
Sou, finalmente, um excelente piloto de helicóptero… comandado à distância, pis-tá-claro. Até já o filmei para vos mostrar, mas falta-me a paciência para editar e publicar aquilo. No entanto consegui com uma mão manter o heli a pairar e com a outra tirar um grande-plano da acção. É muito talento, quer como piloto quer como fotógrafo. Pura arte em movimento!
É fantástico realizar um sonho de infância aos 32 anos. Cresci a sonhar com um brinquedo capaz de voar sem ser pelos breves segundos que vão desde que é largado da janela do rés-do-chão até que atinge o solo. Ou quando atirado do último andar das escadas do prédio… mas neste caso o “brinquedo” era provavelmente uma cuspidela que demorava imenso tempo a chegar ao chão e fazia o tão característico som espléc (resultante do impacto salivó-marmórico ou marmorio-salivar) – pontos extra atribuídos a quem acertasse num corrimão a meio da queda e dispersasse a escarreta como se de estilhaços de uma granada de fragmentação se tratasse.
Hoje em dia compram-se helicópteros controlados à distância em quiosques, centros comerciais e até supermercados. E ao preço da uva mijona. Até tem bateria recarregável via cabo USB! Ainda me lembro quando, num longínquo Natal, a minha mãe e o Michel me ofereceram o que foi, durante quase toda a minha infância, o mais espectacular e o mais frustrante brinquedo de sempre: um fantástico buggy telecomandado. Espectacular porque para um miúdo conduzir está no sangue e ter um carro que se controla de longe com um comando nas mãos era algo fascinante. Frustrante porque devo conseguir contar pelos dedos das mãos quantas vezes tive pilhas para brincar com ele. Afinal de contas, comprar pilhas novas para o comando e para o carro custava quase tanto como comprar um brinquedo novo (“baterias não incluídas, claro). E pilhas recarregáveis eram ainda mais caras e uma raridade naquela altura. Tantos anos depois, este é agora o brinquedo mais divertido que já tive. Só é preciso cuidado: não se cheguem muito perto porque sou capaz de “vazar-vos uma vista”! --- esta foi à Paulo Francisco ---
O Facebook é, inquestionavelmente, uma ferramenta revolucionária que facilita a comunicação e a partilha de novidades entre amigos. É também, aliado à minha preguiça, o responsável pela decadência do Bacalhau das Caraíbas, que tem sorte se for actualizado mensalmente. Assim nunca cheguei a mencionar por aqui o reencontro com a Jaime no No Name Bar em Cozumel (palco de outros grandes reencontros como “Bruno e Weronika”, “Bruno e Paula” e, nem há uma semana, “Bruno e Cláudia”). Por motivos de força maior o Conquest teve de desviar-se da rota habitual e proporcionou o inesperado reencontro ao final de dois anos. Não há nada melhor para matar saudades do que beber um mojito e comer nachos com guacamole à beira-mar. Vá-se lá saber quando ou se voltaremos a ver-nos num futuro próximo. Talvez com a chegada da temporada dos furacões o S. Pedro nos dê outra oportunidade destas. Logo se vê…
Até me esqueci de contar-vos que um Jeep Wrangler de aluguer marcava, quando lhe peguei, uma média de consumo de 17.5 L/100Km. Carros americanos são assim: um abuso. Mas ao fim de uma hora a conduzi-lo já tinha baixado o consumo para 11 L/100Km. Deve ter sido conduzido anteriormente pelo Sebastien Loeb, Ken Block ou outro grande artista.
Por agora me despeço das massas, provavelmente deixando o blog ao abandono por mais um mês. Tentarei manter contacto como vem sendo habitual. E lembrem-se: se tiverem um emprego para mim em Setembro ficarei deveras agradecido! Posso até trabalhar como homem-a-dias. Estou disponível para limpar a casa, preparar almoço e jantar para a família e até me responsabilizo pela manutenção sexual da dona da casa, desde que seja asseadinha e com pouco pêlo – isto porque “pêlo” é sinónimo de “berloque” e ninguém gosta de leite-creme encaroçado.