(cliquem "play" para fundo musical)
... é o fim do meu reinado como anfitrião. E foi fixolas! Agora é só curtir as festas dos outros organizadores! E já ouvi dizer que vai haver uma festa "Punk-Rock" no meu último cruzeiro, dois dias antes de ir-me embora! Organizada pelas minhas amigas dançarinas, vai ser uma despedida em grande!
A festa com os amigalhaços da banda foi um sucesso! Foi uma despedida do melhor para eles. Terminaram este contrato mas regressam ao Holiday em Julho, quatro dias depois de ir-me embora. Foi fixe enquanto durou. Deixo-vos uns vídeos da festa, para partilhar a animação da noite.
Não tenho muita coisa para escrever, por isso vou talvez divagar acerca de "nomes". Pois é... quando se trabalha num navio com dezenas de representantes de diferentes nacionalidades, deparamo-nos com nomes inimagináveis. Desde que cheguei que penso escrever sobre isso, mas acabei sempre por não mencionar nada acerca do assunto. Posso dizer-vos que todos os dias me lembro de algum amigo porque encontro por cá um nome igual. Os indianos de Goa têm nomes portugueses, letra a letra! E muitos deles nem sequer sabem pronunciá-los... por incrível que pareça. Os mais velhos ainda falam português, mas a malta nova já não, apesar de terem nomes tão portugueses como "Coelho" ou "Sarmento". Este gajo de apelido "Coelho" foi à enfermaria um dia e quando lhe perguntei o apelido para ir buscar o processo dele, não percebi o que disse. Pedi para soletrar e fiquei a pensar "fónix, este gajo chama-se Coelho"! Ele não sabia que era um nome português, não sabia como pronunciá-lo como nós (os estrangeiros não conseguem pronunciar os "lh") ou tão pouco sabia o que queria dizer. Quando lhe disse ficou todo contente! Mister "Rabbit"!
Os gajos da Bali, Indonésia, têm uma nomenclatura engraçada também. Não sei explicar porque me esqueço sempre, mas quase todos se chamam "I Made", "I Wayan", "I Ketut" e "I Gusti". Cada homem que nasce leva o nome, dependendo se são o primeiro, o segundo, o terceiro ou o quarto filhos. É giro! E há montes deles que têm como primeiro "nome" FNU. Pensei que era mesmo um nome, mas afinal é uma sigla que significa "first name unknown". Ou seja, os gajos só têm um nome e é o apelido. Mas informaticamente, em termos de embaixadas e passaportes, é necessário meter qualquer informação no primeiro nome, pelo que se usa essa sigla.
Agora há um mês ou coisa assim recebemos na enfermaria o processo dum gajo chamado "Suparmen". Escreve-se de maneira diferente, mas pronuncia-se "Superman"... como o super herói. Achei bué piada à coincidência... a pronunciação dum nome numa língua oriental era igual ao nome dum super herói dos meus anos de infância. Mas eis que ao conversar com o rapaz ele me disse que o irmão se chama "Suparboi"! NÃO É COINCIDÊNCIA!!! O paizinho deles era uma fanático da BD e apelidou os filhos com os nomes dos super heróis do Universo DC! Espectacular! Há coisas do caraças!
Já vi por cá processos de gajos com nomes engraçadíssimos como Flaxh (o super herói super rápido que veste vermelho com um relâmpago no peito), Syler (o vilão da fabulástica série televisiva Heroes) e até um Nolito, como o meu grande amigalhaço das jogatanas online - o grande Noll Scoffen!
Pela segunda vez em cinco meses de contrato consegui estar livre em Progreso. Não sei que raio de rotação tenho no meu horário que estive pouquíssimas vezes de folga em Progreso. E, nas que estive, as correntes, o vento ou alguma inesperada maluquice fez com que não pudessemos atracar. Aconteceu de tudo: termos de voltar atrás para os EUA para desembarcar um doente, eu ser transferido e estar fora do navio quando era suposto estar de folga em Progreso, avarias e problemas técnicos... e só tinha saído do Holiday uma vez. E foi quando fiz o passeio de kayak com o Dennis, Chavonda e Thalia.
Pois, desta vez fui dar uma passeata com o Kenny, o guitarrista da banda, e fomos almoçar a um restaurante cubano que, já sabia de antemão, tinha internet grátis. Pelo caminho o Kenny comprou maravilhosos filmes piratas filmados no cinema: Hulk, Zohan, Indiana Jones, Sexo e a Cidade e outros assim recentes. O gajo que os vendia até tinha um leitor portátil para comprovarmos que os filmes estavam em inglês. Engraçado mesmo foi quando o mexicano da candonga meteu o Hulk e disse "ah e tal, este está em francês" e eu disse "dass, isto é português, pá"! O filme tava dobrado em português... do Brasil! Parecia uma novela da Globo! E sempre que o mexicano falava do filme ou tentava mudar a língua dizia sempre algo diferente. Desde francês a alemão, nunca disse que era português, apesar de eu dizer "eso es brasileño"!
No restaurante encontrámos a Parish, o Dave e a Heather. Era o aniversário dele! Estavam todos frustrados porque estavam há quase duas horas a tentar ligar-se à internet. No portátil dele aquilo só ligava de vez em quando. No Mac dela nem sequer ligava. Tentei com o meu e nada. A Parish tinha ligação perfeita... tive logo de armar-me em perito dos computadores e gadgets. Fui ao PC da Parish, vi as definições de rede dela e percebi que os nossos computadores estavam com configurações automáticas e não estavam a acertar com as "afinações". Os meus dotes de anos a jogar online e a configurar redes caseiras levaram-me a configurar manualmente os três portáteis e a meter-nos todos com internet! Foi super engraçado, porque estava lá um pseudo-técnico de informática de volta do computador da Heather há sei lá quanto tempo e não conseguiu encontrar a solução. Teve de ser o "tuga" a armar-se em espertalhão e a "infiltrar-se" na rede do restaurante para meter aquilo a funcionar. O Dave dizia que eu era um hacker antes de vir para cá. Faz sentido, já que ao fim de cinco meses a bordo dá para perceber que a maioria das pessoas veio para cá para fugir de algo. Estaria apenas a fugir das autoridades por ser um perigoso hacker. ; )
O Dave é namorado da Heather. São ambos cantores, americanos, conheceram-se num espectáculo qualquer e estão juntos há um ano. Vieram juntos para o navio, como casal, e são o duo de cantores dos "production shows" do Holiday. Ele ia participar este Verão numa espécie de Operação Triunfo daqui dos "amaricanos" mas o contrato dele termina dois dias depois das audições. Assim sendo fica de fora... e é uma pena, porque o rapazinho tem uma voz muito fixe. Na festa com os Souldrive foi ao palco cantar duas musiquinhas com eles. Foi um dos momentos altos da noite! Deixo-vos aqui um vídeo da primeira música que cantou.
Entretanto tivemos a noite de Karaoke e, apesar de uns probleminhas técnicos ao início, a malta curtiu bastante. O cartaz que fiz ficou à maneira... apesar de ser um super plágio! Peguei na capa do Singstar da Playstation e improvisei um poster para anunciar a festarola. Não digam a ninguém! Ainda vou preso por violação de direitos de autor!
E por hoje não tenho mais nada para partilhar convosco. Deixo-vos duas coisinhas que gostava de conseguir levar a vocês em cada novo post: o momento humorístico e uma música que eu ande a ouvir no meu dia-a-dia.
Para o momento humorístico quero deixar-vos a história nunca antes contada do Cristiano Reinaldo, o segundo melhor jogador do mundo.
A canção de hoje é uma homenagem ao meu tio Filipe. É o meu estilo... e não me canso de ouvir este álbum, o último do Império dos Sentados - Sobreviver. Injustamente reconhecidos somente pelas baladas de treta, deixo-vos uma amostra do melhor que fizeram até desvanecerem no passado musical português.
- Império dos Sentados - Outro Fim II -
E para me despedir, deixo uma notinha relativa à primeira canção (logo no início do post). Chama-se Unwell e é originalmente interpretada pelos Matchbox 20. Para os mais distraídos, a versão que ouviram aqui foi cantada por mim. ; )