Foi um ano do catano! A minha mudança de vida, de carreira e de latitude. Foi bombástico em todos os aspectos e este novo vai ser igual ou melhor… pelo menos farei questão de manter o mesmo nível de intensidade!
A passada semana foi a última a bordo do Conquest. Para mim e para muitos outros que o deixaram no Domingo de manhã, antes deste se dirigir para Freeport nas Bahamas, onde vai ficar na doca seca. Muitas remodelações e melhorias, muito trabalho e muito dinheirinho investido. E, para mim, é sinónimo de férias! Pobrezinha da Chris que lá fica mais um mês. Mas regressando à semana que passou, foi tudo à grande: jantares e festas até cair.
Deixei o Conquest Domingo, ainda nem eram seis da matina. Eu e quase trezentos outros tripulantes. Depois foram quase cinco horas só para passar pela imigração e alfândega… o pesadelo do costume. Viagem de quase duas horas até ao Aeroporto Intercontinental George Bush em Houston, mais umas valentes horas de espera e depois um excelente vôo até Londres. Este avião tinha ecrãns LCD tácteis nas cadeiras da frente. Bastava tocar-lhes com o dedo e selecionar as músicas, filmes ou séries que quisessemos. Fantástico! Vi dois filmes e o resto da viagem foi a ressonar.
Fiquei oito horas no aeroporto de Heathrow em Londres. Estava frio e a chover demais para me aventurar pelas ruas de Londres. Já para não falar que o bilhete de comboio de ida e volta até ao centro eram £32. Assim fiquei por lá na internet, como já tinha previsto. Umas poucas horas mais a caminho de Lisboa e já está. Férias!!! Estou em casa há já uns dias e não tenho feito nada. Assim é que é!
Agora vou ali continuar com o meu jogo do momento… ‘tá na hora da guerra!!
… ou nem por isso? Tenho as minhas dúvidas se ir para casa corresponde ao conceito de “férias!
Já não falta muito para ir para casa. Hoje vou fazer umas comprinhas rápidas e discretas. Coisa pouca, para não aborrecer os senhores da alfândega à chegada a Lisboa. Só um joguinho ou dois para a minha fiel Playstation que tão ansiosamente me aguarda lá em casa.
A viagem está programada para dia 19 às 20h30. Vou apanhar a seca da minha vida à espera do avião no Aeroporto Internacional George Bush em Houston. Depois tenho quatro horas no aeroporto em Londres, o que não me dá para ir passear mas é tempo demais para ficar sem fazer nada a arrastar o cú pelas cadeiras do aeroporto. Felizmente um laptop com internet wireless e um cartão de crédito fazem milagres no que toca a passar o tempo em aeroportos. Espero encontrar muitos de vós no messenger à hora de almoço do dia 19!
Esta semana estive de folga na Jamaica. Normalmente não faço nada, nem saio do navio. Limito-me a apanhar sol de papo para o ar aqui no navio. Mas como esta era a última folga em Montego Bay fui a uma excursão com a minha máfia polaca. Que grande dia que foi! Agora entendo quando alguém me disse que a Jamaica é excelente para ir em excursões. Fomos descer uma pequenina porção do Rio Dunn… a porção lenta e pouco emocionante. Oito boias atadas umas às outras, um guia “ya man” e ‘bora lá rio abaixo. E não há nada como uma câmara à prova de água! Os vídeos e as fotos são às centenas e algumas delas são dignas de um lugar de destaque numa exposição.
Fomos “amarrados” a um grupo de quatro passageiros. Oito boias no total. E que grupo porreiro se juntou ali. Eram uns bacanos. Tirei montes de fotos e no final um deles deu-me um cartão com os contactos dele para trocarmos fotos por e-mail. Fui um menino bonito e hoje gravei num CD uma carrada de fotos dessa tarde. Umas poucas fotos minhas e das minhas gajas e outra carrada de fotos do navio aqui e acolá, com uma mensagem simpática a acompanhar. Isto, meus amigos, é hospitalidade. Aqui não basta ser enfermeiro, há que ser hospitaleiro.
Foi um dia à maneira, com algumas das paisagens mais lindas que já vi nos meus quase trinta aninhos. E tudo sob o sol e calor abrasadores da Jamaica, enquanto em Portugal se morre de frio. Leva-me a ponderar se quero realmente ir de “férias” daqui a uma semana!
Depois da nossa tarde de aventura no Rio Dunn regressámos ao navio, tomámos banhinho (infelizmente cada um no seu quarto), metemo-nos bonitos (eu tentei mas sem sucesso… elas conseguiram como sempre) e fomos para um belíssimo jantar de gala no The Point Supper Club. Este é o restaurante de luxo aqui no Conquest. E que jantar! Escargots, cocktail de camarão e sushi como entradas só para mim. Depois veio a bela da lagosta com saladinha de rebentos de espinafres (baby spinach leafs). Tudo regadinho com vinho tinto Merlot Rutherford de Napa Valley, o melhor que já bebi (e que provei pela primeira vez no meu aniversário a bordo do Holiday). Terminei com a sobremesa do costume: vem num prato rectangular com quatro tacinhas. Uma com chocolate derretido e gelado (o mesmo que comi depois da meia-noite do Ano Novo, uma com tiramisú, uma especialidade qualquer de chocolate e outra com sorbet. Como se não bastasse estar completamente a rebentar de estar tão cheio e satisfeito o Chef manda sempre umas guloseimas no final. “WIth the Chef’s compliments”. E vai de enfardar mais umas trufas antes de ir embora!
A noite continou até à Festa da Toga. Toga Party!!! E eu era o DJ a abrir a noite. Eu abria e o Timmy tomava conta e meio, quando a malta já só quer é música de dança-techno-treta-vómito. Foi fixe! Billy Idol, Whitesnake, Aerosmith, Kane, Extreme, Bon Jovi, Maroon 5, Robbie Williams, Tenacious D… curti bué! A malta mais velha adorou a seleção musical, mas as “pitas” só queriam era hip-hop e techno-vómito. O Timmy salvou-lhes a noite!
Estou também a uma semana de trocar a minha Irmandade polaca pela minha Irmandade original. É o regresso às origens e o momento do adeus. A Iza vai para Cozumel e vai procurar emprego algures aqui nas Caraíbas. A Weronika vai passar duas semanas a Nova Iorque e provavelmente juntar-se à Iza depois disso. Já a Magda não faço idéia do que tenciona fazer. A minha nova missão é procurar emprego para elas em Portugal. Alguém sabe de um hotel de luxo ou outro local que queira empregar um trio de música clássica? São lindas de ver e de ouvir! Uma no violino, uma no violoncelo e outra no piano. Certamente há lugar para elas em algum lado… e quem quiser uma leva outras duas de bónus. São os Anjos de Charlie!
O convite também já lhes foi entregue: reunião da Irmandade polaca na minha casa em Agosto. É uma oportunidade única para juntar as duas Irmandades no mesmo local. Só espero que isso não cause um paradoxo capaz de quebrar a continuidade espaço-temporal e destruir o Universo.
Deixo uma piada para terminar o post de hoje. Muitos de vocês certamente viram o hilariante vídeo “O jardineiro é Jesus… e as arveres somo nozes” no youtube. Pois bem, estava eu a filmar a paisagem durante a descida do rio, a fazer comentários para a câmara para mais tarde meter os vídeos aqui, quando vi uma árvore de bambu. Disse-o para a câmara e a Weronika ouviu e repetiu, no seu melhor sotaque polaco. Só consegui lembrar-me do desdentado do youtube! Aqui ficam ambos os vídeos: o original e a nova versão Luso-Polaca!
E assim começou o meu ano, no meio de centenas de pessoas a cantar e a festejar. Começou cinco horas depois do vosso, no mar, algures entre a Jamaica e Grand Cayman. Foi uma noite de folia, muita festa e diversão! Primeira passagem de ano a bordo de um navio e foi de arromba! Que venham mais destas… é o meu desejo neste momento!
A noite foi preparada com muita antecipação. Recebemos no início do cruzeiro um e-mail com o rascunho de todas as actividades preparadas para o evento. Os tripulantes tinham uma festa privada no sítio do costume, mas por que restringirmo-nos a um local apenas, quando haviam tantas coisas para fazer? : )
Assim sendo, comecei a noite com a Weronika e Iza, no Vincent’s Bar, a ver o Trio de Jazz. Aproveitei para ir ao bar do lado, Degas Lounge, ver a orquestra (não no sentido clássico, mas no sentido mais à Late Night with Conan O’Brien). Muito fixe! Depois fomos beber um copo antes da meia-noite. Fomos ao Alfred’s Bar, onde era a festa privada da tripulação. Cinco minutos antes da entrada no Ano Novo, tive de tomar uma decisão complicada: largar a Weronika e ir festejar no meio dos passageiros ou ir com ela passar a meia-noite com o trio de jazz mas perder a mega-festa no átrio principal. Arrisquei a festa no átrio principal perdendo o abraço dela no primeiro minuto do ano. Um beijo, um abraço, um “até já(neiro)” e fomos cada um para o seu lado! Amigo não empata amigo, é o que se diz em Portugal!
Sozinho lá fui em busca da brutal festa que se esperava no átrio. Cheguei demasiado perto da hora para conseguir alcançar o palco onde o Ralph, director do cruzeiro, e alguns outros tripulantes (staff do cruzeiro e animadores) estavam a fazer a contagem decrescente. Encontrei a Carolina, a minha amiga brasileira, e foi com ela e outra colega que passei a meia-noite.
Com elas duas e umas quantas centenas de pessoas, “pchta-claro”! Foi tão fixe!!! Aqui festeja-se da mesma forma, mas sem a porcaria da tradição das passas. Se há coisa que me chateia é a malta obcecada pelas doze passas à meia-noite. Não me chateio que comam a porcaria das uvas secas, mas confesso que me irrita que TODOS me olhem com ar desconfiado e me perguntem “não comes as passas?! Então porquê???”. Deixem-me lá gritar à meia-noite, abraçar quem me apetece e não comer as passas como todos os outros. Não curto passas e a minha mania de ser inconformista, bem como o livre arbítrio, permitem-me não comer passas sem ser descriminado! Este foi um Natal sem o obrigatório bacalhau (vivaaaaaa!) e uma passagem de ano sem pessoas a perguntar-me porque não engulo uvas secas à bruta, uma de cada vez, ao soar das doze badaladas!
Ouviu-se e entoou-se a tradicional música “amaricana” que por aqui se canta quando chega o novo ano e fez-se uma mega largada de balões! Uma passageira agarrou-se a mim, abraçou-me como se não houvesse amanhã, a desejar-me um ano feliz e sei lá mais o quê… e lá no fundo a minha cabeça só respondia à lavagem cerebral da companhia: “nada de contacto físico com passageiras, olha os processos de assédio sexual, foge educadamente como se ela fosse o diabo”. É triste, mas é verdade. Ela até podia gostar do “serviço” (obviamente que iria adorar… faço sempre questão de “serviçar” com requinte!) mas no final dá jeito ganhar uns milhões de dólares processando a companhia porque um oficial do navio “abusou” dela… coitadinha! Assim sendo, mais vale fugir. Há muitas tripulantes mortinhas por algum “contacto”, e sem essas preocupações! É só saber escolher. ; )
Dez minutos depois já a malta estava a dispersar e aproveitei o espaço que se criou para cumprimentar tudo o que eram colegas. Tirei milhentas fotos nesta noite! Não compreendo a euforia do pessoal no Natal, mas a da passagem de ano sempre me contagiou. Este ano não foi excepção e, tendo em conta a magnitude das festividades, deixei-me levar ainda mais! Tirei fotos com meio navio!
Fui reencontrar-me com a Weronika junto à piscina no 9º piso. Andava louca, já que é instrutora de salsa e era ali que decorria a festa latina. Hmmmmm… dá gosto ver a menina a dançar. Mexe-se bem, é o que posso dizer!
A rapariga dá tanto nas vistas que as mulheres vinham ter com ela e pediam-lhe “por favor, pode tirar uma foto com o meu marido?”. Fartei-me de rir! A Chris, o namorado e o resto da máfia indiana estavam lá no Lido Deck. Ficámos por ali uma meia hora e seguimos então para a festa privada no Alfred’s Bar. Fiz um pequeno desvio para ir buscar a bela da garrafa de espumante que tinha no frigorífico… e aproveitei para encher a barriguinha com as guloseimas da messe.
Pizza, chocolate derretido e gelado… hmmmmmm. É por isto que toda a gente engorda durante o contrato! Aquela tacinha de chocolate é uma bomba calórica! Chocolate quente derretido, espesso mas super cremoso, com sundae de natas… até dá gosto! Mas todos estão certamente de acordo que é necessário forrar bem o estômago antes de uma noite de festa!
No Alfred’s foi festa de arromba e mais nada. Música, malta eufórica e muitas hormonas no ar… sentia-se-lhe o cheiro! Havia também uma vozinha irritante na cabeça a tentar lembrar-me constantemente que iria trabalhar às oito da manhã. Felizmente no meio do barulho não lhe dei muita atenção! Já o sábio Jon Bon Jovi cantava “I’ll Sleep When I’m Dead”. Quem sou eu para desrespeitar tamanha mostra de sabedoria…?
Estes dois são, comigo, os únicos que falam português a bordo. Gustavo e Carolina, dois brasileiros porreiríssimos com quem mantenho a prática do português. Ainda assim, qual emigrantes que somos, dizemos umas patacoadas em inglês no meio da conversa.
É sem querer, mas sai sempre uma ou outra frase em inglês, até darmos por isso e dizermos “não dá para evitar”! É difícil viver num ambiente onde ninguém fala connosco na nossa língua. O cérebro muda e torna-se complicado manter um discurso coerente na nossa língua, especialmente se houver pessoal à nossa volta a falar inglês.
Tirei fotos com toda a gente, até finalmente a minha câmara se revoltar e desligar-se alegando falta de bateria. Para a próxima há mais! Deixei-vos aqui algumas das melhores fotos da noite…
E a vossa festa, como foi? Alguém espera filhos para daqui a nove meses? Já fui a tantos casamentos de amigos nos últimos dois anos e apenas um ou dois estão para ter miudagem… ao menos que tenham aproveitado a noite para espalhar (ou entornar) a semente!