Devido ao tal imprevisto passámos a noite em St. Kitts. Estava de chamada, a dormir há já uma horinha, quando me arrancaram da cama. Resolvida a situação que requeria a minha atenção ---não salvei uma velhinha, mas foi parecido, ó Estevinho!--- não pude deixar de notar o brilhante luar sobre a ilha. Daí até estar no cais de joelho no chão e câmara em punho foi só um saltinho! Ganhei a alcunha de “enfermeiro fotógrafo” dos seguranças que me deixaram vir cá fora imortalizar o momento. E capturei uma imagem (ou uma dezena delas) que guardarei para sempre!
Como já vem sendo hábito nos últimos posts, não tenho muito para escrever. Continuo ocupado (e muito) com o novo trabalho, continuo a explorar a minha fantástica Canon Eos Rebel e continuo a visitar os mesmos portos… apenas continuações, nada mais.
Ontem o Fede e eu decidimos apanhar sol. Ele já é preto como tudo, mas mesmo assim achámos que absorver alguma energia solar iria animar-nos os espíritos. Fomos dar uma volta em St. Lucia e acabámos por regressar ao navio ainda cedo para passar a tarde a bordo. Nada como apanhar sol enquanto abríamos e comíamos um coco acabadinho de comprar, alternando com conversas de homem (daquelas mesmo porcas) de molho no jacuzzi, ainda ao sol. Foi um dia fixe, que acabou comigo disfarçado de lagosta, sentado no quarto a resolver burocracias por e-mail até perto da meia-noite. Hoje estamos em St. Kitts e nem sequer era para ter saído do navio. Não fosse por um imprevisto que atrasou a nossa partida e estariamos já a caminho dos Estados Unidos. Assim estou agora numa esplanada, a aproveitar esta pausa de quatro horinhas, a contemplar o pôr-do-sol com a câmara numa mão e uma piña colada na outra.
Ao verem a última foto que acabei de tirar certamente perceberão que finalmente tenho uma câmara à altura do meu talento! E tirei isto no belo espírito de fotógrafo veterano de guerra: tudo nas definições manuais, sem mariquices de tripés ou coisas que o valham. Foi mesmo de joelho no chão e câmara assente num parapeito da esplanada, numa pose que poderia ser comparada ao louva-a-deus do Kung Fu de Shaolin… careca já sou, só me falta ser atlético e monge! O resultado é uma imagem estrondosa… pelo menos para mim.
Para a semana há mais… lá para alturas do meu aniversário.
Hoje começa o meu primeiro cruzeiro como chefe e já tive problemas para resolver. Preciso habituar-me a esta nova vida. Quando dá molho, é a mim que acordam. Estou a pé desde as seis da matina, na minha folga, e finalmente consegui escapar-me para fora do navio. Afinal, há que aproveitar o tempo livre para vir aqui dar notícias à malta.
Estou a dar passinhos lentos mas confiantes. Devagar se vai ao longe e tudo é novo nesta fase. Se correr bem, é porque o fiz como deveria. Se correr mal é porque fiz disparate. Se mantiver a calma tudo correrá bem.
Finalmente pus as mãos na minha nova câmara. Terei milhentas fantásticas fotos para publicar aqui e no facebook. Confesso que, nesta fase experimentalista, com uma câmara em tudo diferente do que estou habituado, algumas fotos serão interessantes apenas para mim. Terão de ser pacientes e tentar ver o lado artístico das fotos que vos mostrar! ;)
Num dos dias de folga desta semana dei uma volta pelo Miracle e experimentei o meu novo brinquedo. Deixo-vos aqui algumas das fotos saídas desse dia, bem como outras do fotógrafo profissional que nos acompanhou no Rafting na Costa Rica no final do ano passado. Cliquem para as verem em toda a sua gradiosidade!
As fotos são de ficar de boca aberta. Sou o narigudo de t-shirt azul, sentado na frente do barco à esquerda (bombordo). Se não conseguirem ver-me é porque estava a levar com a água na tromba!
Na altura descemos rápidos de classe três mas, apesar da emoção e comoção, deixou muito a desejar aos mais radicais. Por isso mesmo estamos já a preparar outra viagem da tripulação, desta vez para rápidos de classe quatro. Dia vinte de Fevereiro estaremos lá! Aguardem-me!
A viagem passou depressa. Adormeci antes da descolagem e acordei já a sobrevoar Nova Iorque. Mas é de salientar que estivemos quase três horas na pista, na fila, à espera que viessem descongelar-nos as asas. Nevava em Heathrow e imensos voos haviam já sido cancelados. Não posso dizer que tenha tido azar. Ao menos tive voo.
Já no aeroporto de Miami demorei cerca de meia-hora para chegar ao ponto de controlo de passaportes. Os agentes moveram-me de fila em fila à medida que iam fechando os balcões de atendimento, vá-se lá saber porquê. Depois passei para a sala onde “encafuam” os emigrantes com estatutos especiais. Aqueles que precisam ver confirmado o motivo da sua vinda para os “States”. E é o meu caso, já que precisam confirmar com a minha empresa de que estão a aguardar-me e que não estou a tentar entrar ilegalmente no país. Ali fiquei, sentado, durante três horas. Quando de lá saí passava já das onze da noite e a British Airways tinha feito o “favor” de recolher a minha bagagem que estava abandonada desde que aterrei às sete e quarenta e cinco. E como já não haviam mais voos da British, os balcões estavam fechados e só hoje pude ir buscar a mala.
Mas não terminou aí. Sendo que o serviço de transporte do hotel havia terminado tive que ir de táxi. O senhor taxista, provavelmente com a cabeça noutro lugar, preocupado com a família no Haiti, perdeu-se a caminho do hotel. E quando finalmente chegámos eu percebi que não tinha dinheiro suficiente para lhe pagar e tivemos de ir encontrar uma caixa multibanco.
À chegada ao hotel descobri que a minha companhia fez mal a reserva e que não tinha quarto disponível. Sorte a minha que o hotel do lado também trabalha com a Carnival e tinha um quarto livre para mim.
Cansado, mal cheiroso e com fome acabei por enfardar a única coisa que se arranjou: sopa de galinha (que sabia a tudo menos a aves) enlatada e massas de micro-ondas.
Com todas as horas de viagem nem sequer soube que o Haiti foi arrasado por um sismo brutal. Há milhares de mortos vêem-se pedidos de ajuda um pouco por todo o mundo. Li há pouco no jornal USA Today que durante o furacão Katrina conseguiram juntar seis bilhões de dólares em donativos particulares e outros dois bilhões para as vítimas do maremoto na Ásia há uns anos. Desta vez vou contribuir. Uma pequena ajuda de cada um de nós é melhor do que nada. As imagens na CNN são chocantes. Já que não posso estar lá para ajudar, ao menos mando um contributo através de uma instituição fidedigna. Façam o mesmo. O link que aqui deixo leva-vos directamente ao site da Cruz Vermelha Portuguesa com instruções detalhadas das várias formas de contribuir.
Aterrei, comi e embarquei. Publiquei o post já sentado no avião, enquanto o resto do pessoal embarca. Vamos sair atrasados certamente. Agora em qualquer voo para os Estados Unidos somos revistados NOVAMENTE antes de embarcar… mesmo em frente ao portão de embarque. Até agora o meu voo foi um dos poucos a não ser cancelado. Espero que a sorte se mantenha!
E um aparte para a mamã: a saladinha de ovas de ontem estava um espectáculo! Guardamos o fricassé de frango para Maio!
Vonda Shepard – Searchin’ My Soul (Ally McBeal’s Theme)
As férias de Natal chegaram ao fim. Foram curtas mas satisfatórias. Não encontrei toda a gente que queria ter encontrado e não vi algumas pessoas quantas vezes gostaria de ter visto. Fiz coisas que queria, comi comida japonesa cinco vezes, arreliei-me com a ZON netcabo, tive o privilégio de assistir ao Avatar a 3D no cinema e o bónus da companhia da Gisela no Sherlock Holmes. E ainda consegui perder um quilo na época das festas, e isto é um feito estrondoso. Outro grande feito destas férias foi não ter cedido às amigdalite. Vem um gajo dos Estados Unidos com um stock considerável de azitromicina, já a adivinhar a habitual visita das minhas "amig(dal)as" e depois consegue escapar-se com mestria. A Magda, e outras pessoas, sabem qual a minha teoria relativamente às duas amigdalites de caixão à cova que tive há um ano atrás. Sendo que a causa já não está presente, também as amigdalite ficaram longe. Coincidência? Provavelmente, mas só haveria uma forma de confirmar e não creio que haja oportunidade de testar essa hipótese! ; )
Foram férias calminhas, apenas no conforto do lar. Agradeço aqui à minha abençoada caldeira e ao aquecimento central e peço aos senhores da EDP e GALP Gás que sejam gentis aquando das leituras de consumos relativos a este mês! Foram noites sem fim a jogar Modern Warfare 2 na companhia virtual de velhos (e alguns novos) amigos, sonos (muito) trocados, chuva - verdadeiras enxurradas - que vi da janela, uns cafezinhos com a minha querida Nenas, autora dum blog que, no mínimo, me deixa com um sorriso no rosto e, na melhor das hipóteses, me faz largar sonoras gargalhadas independentemente do local onde estou ou de quem está à minha volta. Foi pena não termos tirado fotos para fazermos um post acerca do encontro de bloguistas, ambos loiros e emigrantes, a tentar a sorte "lá fora". Estás agora a trabalhar arduamente no Brasil, eu sei, mas mando-te daqui um beijo com saudade.
Revi ainda uma das maiores, e melhores, influências na minha vida. Alguém que há muitos anos atrás despertou em mim a vontade de ser mais do que era, de estar no melhor das minhas capacidades e sair do medíocre conformismo a que me tinha entregue. Alguém que ajudou a moldar muito do que sou hoje, que me tornou o homem sensível e delicado que sou. Serviu-me de exemplo numa fase importante da vida de um adolescente (um adolescente tardio já com dezassete ou dezoito anos). É uma das mulheres mais inteligentes, corajosas e determinadas que já conheci. Obviamente é linda e deveras atraente, principalmente agora nos trinta! A todos estes adjectivos junta-se-lhe agora o superlativo de babadíssima "mamã" do mais terrível casalinho de gémeos que conheci até hoje. Adorei rever-te ao fim de uma década de ausência, apenas salpicada de cor por uns esporádicos emails, telefonemas anuais e mensagens de facebook. Isabel Laureano Torres, obrigado por TUDO! Há já muito que não estavamos juntos devido à distância que nos separa mas a tua presença está em muito do faço e do que sou. E isso não há distância no mundo que consiga apagar!
A viagem para casa foi longa e conturbada, a estadia foi curta mas intensa como uma espécie de lusco-fusco (cinco-sete minutos), e o regresso à vida profissional está já a complicar-se. O piloto do avião acabou de anunciar que devido à neve no Aeroporto de Heathrow vamos ficar a voar às voltinhas pelo menos durante meia hora. Não me contenho de alegria… eu que "adoro" passar horas enfiado em aviões.
Quando aterrarmos corro para o portão de embarque, encontro uma cadeira com uma tomada eléctrica por perto e meto isto no blog. Por agora vou resignar-me à minha má sorte e aguentar-me até o clima permitir que aterremos em segurança. E pensar que quando comecei a escrever este post não tinha nada para dizer…