sábado, 5 de julho de 2008

Por duzentos e trinta dólares…

ATENÇÃO – Não prosseguir com a leitura do post sem ver o vídeo!

E agora que já viram o vídeo, posso dizer-vos que foi a P#%A DA LOUCURA! Há coisas que se fazem uma vez na vida. E há coisas que se repetem! Em Outubro estou lá batido de novo. Saio do Conquest em Cozumel, meto-me no barco para Playa Del Carmen e lá vou eu “amandar-me” que nem um doido. Desta vez subimos até aos 10.000 pés (cerca de 3KM). Para a próxima quero mais alto e mais tempo em queda livre.

A assinar o testamento

O dia foi do melhor. Partimos de Calica para Playa em três táxis. Federico (Fede para os amigos), Bob, John, Chris, um maluco indiano da segurança que nunca me lembro do nome, “Piano” Matt, Affy, Nicole, Jaime e eu. Em Playa fomos à “loja” so skydiving e meteram-nos numa sala com fotos e uns bancos estranhos e o que parecia ser uma janela dum avião enfiada na parede. Antes de começarmos o que quer que fosse deram-nos uns papéis para a mão. Nem valia a pena receber instruções se não assinassemos os tais papéis… aqueles onde dizemos que sim, que aceitamos o facto de que possivelmente o pára-quedas não abre e que morremos ou que partimos todos os ossinhos do corpo. E não basta assinar em cada página… assinamos mesmo EM CADA ALÍNEA! Só para perder precioso tempo, quando um gajo está mortinho para meter os pés no avião!

Skydive Playa - Vou ser cliente habitual!Íamos todos com vontade de pagar 130 dólares extra para que um operador de câmara saltasse connosco e nos filmasse em queda livre. Mas o avião não tinha espaço para dois de nós, mais os instrutores, MAIS um operador de câmara… e assim sendo limitámo-nos a fixar as nossas câmaras ao equipamento. Usámos elásticos que mais pareciam para fazer fisgas, daquelas fraquinhas que nem pássaros matam. Só pensava “assim que saltar perco a câmara”, mas inventei uma maneira de a fixar melhor. Parece que correu bem!

 Isso. Goza agora porque quando estiveres a 3KM de altitude não vais ter tempo para pensar!

Pois então lá recebemos o treino antes do voo. Explicaram-nos os “timings” (eu também abichano quando falo inglês, tal como o javardolas que era chique a falar francês) e as posições pré e pós salto. Parece que é essencial que façamos a posição de arco para manter o equilíbrio em queda-livre. E quando estivermos estáveis o gajo pode abrir o pára-quedas. Meia hora para o avião subir aos 10.000 pés, 45 segundos em queda-livre e 5 minutos a descer com o pára-quedas aberto. Depois das explicações todas a malta estava ao rubro, cada vez mais perto de saltar para o vazio!

Joelhos unidos, perna flectidas, costas arqueadas e mãos junto à cara...

Fomos para a praia onde íamos aterrar e os dois primeiros seguiram para o aeródromo. Quando o avião estava no local do salto, o gajo que estava em terra connosco para ajudar na aterragem apontou para vermos… e c’um caneco, o avião estava tão alto que nem se via! Houve um momento de silêncio quando a malta que ia saltar se apercebeu da altitude abismal a que a avioneta se encontrava.

Saltei no último voo. E saltei com o Fede. Foi tão LOUCO!!! Enquanto nos equipavam à porta do avião na pista do aeródromo, o Fede (que é Uruguaio) pediu ao mexicano que o deixasse puxar a cena para abrir o pára-quedas. O gajo hesitou na resposta mas depois disse “naaaaa, nem sequer vais lembrar-te disso”. 

Ansiosamente a aguardar a minha vezÀ medida que subimos fui filmando e tirando fotos. Acabei então por fixar a câmara no peito e preparei-me para o salto. A 10.000 pés de altitude estavamos MUITO acima das nuvens. O chão lá em baixo parecia uma foto do Google Earth! Não tivemos logo autorização para saltar devido a haver demasiado tráfego aéreo e nos 3 ou 4 minutos que esperámos vi o painel de instrumentos com clareza: o altímetro mostrava 10.500 pés… 3,2KM!

O senhor não me deixou brincar com o joystick... e eu que tenho tantas saudades dos meus jogos! E eu disse-lhe que sou um granda piloto no Warhawk, mas o raio do mexicano não me ligou pevas!

A porta abriu e nem tive tempo para pensar. O meu instrutor girou-me e com a deslocação do ar vi-me à rasquinha para acertar com o pé no degrau onde ia ficar de pé, FORA DO AVIÃO, até saltar. Sem pensar, sem hesitar e sem avisos já eu vinha às cambalhotas por aí abaixo. E depois de estabilizado é indescritível! O ar fresco, o som ensurdecedor do vento, a quantidade brutal de adrenalina… e a surpreendente e agradável sensação de que algo nos agarra. Experimentem ir depressa no carro, de vidro em baixo e mão aberta cá fora… como quem tenta agarrar o ar. Sente-se a solidez do vento na palma da mão. Tão tangível mas que se escapa entre os dedos. Agora imaginem essa sensação no corpo inteiro! Na cara, nas mãos… não sentimos que estamos a agarrar o ar mas sim que o ar nos sustenta como um colchão. É espectacular! E é apenas uma ilusão porque o chão está a aproximar-se a uma velocidade estonteante. Dá vontade de só abrir o pára-quedas quando já conseguimos os cócós dos cães na calçada. É tão triste quando damos por nós já suspensos, a pairar de pára-quedas aberto e sem a vertiginosa descida de alguns segundos atrás.

 

Antes de subir para o avião, a ajustar o equipamentoPosso também acrescentar que o equipamento magoa um “bocadinho” nas virilhas. Não magoa os tomatinhos porque esses ficaram algures no avião! E quando o instrutor nos faz rodopiar é outra vez a loucura total. Se há coisas que não se esquecem, esta é uma delas. Foi a experiência mais frenética da minha vida… e estou mortinho por repetir!

 

O Fede saltou logo atrás de mim (o que significa que saltou uns 500 metros mais à frente). Foi giro vê-lo lá mais acima, enquanto descíamos lentamente em direcção à praia. Mais giro ainda foi ver as imagens da minha câmara e perceber que inadvertidamente o filmei durante metade da descida. O coitado teve azar: quando tentou libertar a câmara dele dos elásticos, o compartimento das baterias abriu-se e a máquina desligou-se. Perdeu o filme do salto dele. Podia ter sido pior, mas a frustração foi enorme.

Zona de aterragem... antes de aparecer alguém e montar umas cadeiras para um casamento!

E sim, o Fede realmente não se lembrou de nada durante o salto. Queria ser ele a abrir o pára-quedas e quando saltou nem se lembrou de adoptar a posição de arco. Foi o instrutor que o abraçou e gritou “HACE EL ARCO!!!!”. Ele descreve a primeira parte do salto, até o instrutor lhe dar o puxão de orelhas, como “caír às cambalhotas, qual saca de batatas”! Curtia ter saltado atrás dele para ver! Mas correu bem, é o que interessa.

Quase com os pés no chão...

Depois do salto a malta separou-se e ficámos só quatro: Nicole, Jaime (que agora sempre que me vê grita “Bruuuuuuuuuuuns” ou “Bruns Digity”), Fede e eu. Esfomeados fomos a um restaurante maneiro e ainda no êxtase da adrenalina comi o belo do bifão com lagosta e gambas. Já que não paguei os 130 dólares extra pelo operador de câmara, ao menos enfardo  lagosta ao almoço!

Depois do salto

Foi um dia do caraças! E nas próximas três semanas prevejo que não vou fazer por menos. Estes têm sido os melhores meses da minha vida… e quero acabá-los em grande! Depois vou de férias a Portugal, para em Setembro regressar a esta dura vida de enfermeiro nas Caraíbas!

Zona de aterragem em Playa Del Carmen... vida dura a de um enfermeiro nas Caraíbas

5 comentários:

Anónimo disse...

GANDA MALUCO!!!!
Coitaditos dos teus nuts...

O teu amigo "fede", mas é giro. (Há qt tempo n levavas c 1 piada seca, à boa maneira portuguesa?)

Beijocas enormes! Viva la Vida!

M'Anne

Anónimo disse...

Tu andas mesmo mesmo a curtir à grande!!! Brutal!!
Beijos Pasquinho!!

Rosette disse...

Tu és um porco desavergonhado.
Olha, por aqui não se saltou de pára-quedas, mas caí nas rochas da praia da mexelhoeira...aquilo ainda era alto...
Sacana.

FoRa De MiM disse...

estupido, sacana, caramelo, so me apetece chamar-te nomes...fogo que inveja(momento II) :)
prontux..voltamos á conversa, relembrei que tens blog vou ter que ler estas historias todas...com um sorriso parvo nos labios como se fossem comigo..muito bom!

Anónimo disse...

SEM PALAVRAS....ESPECTACULAR!!!...n posso morrer sem fazer isso...adorei..continua assim..bjs xana ( a tua educadora)