Shinedown – Second Chance
O Universo é regido pelo caos e pelo acaso. Ou pelo menos assim pensam algumas mentes brilhantes (ou não). No entanto, existem padrões com contornos tão bem definidos que o Homem pôde transformá-los em regras ou princípios universais. É através deles que conseguimos prever alguns fenómenos extraordinários, como um eclipse solar, ou simples acontecimentos do quotidiano, como a velocidade com que um bêbedo de 1,75m manda com os dentes no chão quando perde o equilíbrio.
Através da Física sabe-se que a energia é igual à massa (esparguete, fusilli ou outra qualquer massa desse género) multiplicada pela velocidade da luz ao quadrado. Isto ajuda os senhores da EDP a prever o quanto vamos pagar ao final do mês quando deixamos acesa a luz naquele quadrado que é a sala, o quarto ou a cozinha (sendo que se fala em energia e massa, a cozinha é a mais apropriada neste contexto). Sabe-se que o saldo da nossa conta à ordem varia numa razão inversamente proporcional à quantidade de vezes que se requisitam os serviços de acompanhantes de luxo. Da mesma forma sabemos que o ego de um homem cresce exponencialmente e de forma directamente proporcional ao tamanho do seu pénis. Seguindo esta linha de raciocínio está já provado que o tamanho das minhas postas no blog é directamente proporcional ao número de fotos que tirei ao logo da semana.
Assim sendo, com base neste princípio, prevejo que a posta de hoje será estupidamente longa. Os que não gostam de ler, passem agora para sites com menos letras e mais acção. Aqueles sites que normalmente só têm texto na página de abertura, onde confirmamos que temos mais de dezoito anos. Os que gostam de fotos podem ficar mais um bocado e ler apenas as legendas (deixando o cursor sobre as imagens).
Para aqueles que realmente gostam de saber o que ando a fazer, recomendo que continuem a ler e deixem uma mensagem no final. Só vim embora há um mês, mas presumo que a vida em Portugal esteja pior do que nunca. Essa é a conclusão a que chego baseado na ausência dos meus amigos aqui no blog. Se não estão aqui comigo uma vez por semana quando escrevo alguma coisa é porque a vida está tão complicada que nem tempo têm para me dizer um “olá”. Mas não se preocupem… melhores dias virão. Até lá vou tentar não me esquecer de vocês e dos sacrifícios que por aí vão fazendo.
A vida por aqui continua boa e agradável q.b.. Ainda não se sente o calor abrasador do Verão, mas é certamente mais agradável que o início da Primavera no país mais ocidental da Europa. As vistas também não são nada más, não senhora. Especialmente durante as férias de Páscoa – Spring Break, como lhe chamam por aqui.
Já dei a volta aos três itinerários que o Destiny tem mas não tive ainda oportunidade de sair à rua em Ocho Rios. Pelo que já conheci da Jamaica em Montego Bay, não creio estar a perder nada de excepcional. Por outro lado, Grand Turk é uma visão do outro mundo, um pedaço do Paraíso largado aqui para os lados das Bahamas. Nassau é engraçadote, mas nada demais. Tem a Paradise Island onde as vedetas de Hollywood compraram as suas casinhas de praia, o resort Atlantis, onde a suite Michael Jackson (que foi o primeiro convidado a passar a noite lá) custa vinte e cinco mil dólares por noite e só pode ser reservada por um mínimo de quatro noites. Tentei marcar para Agosto mas infelizmente já está reservadíssima para os próximos cinco anos.
A parte mais emocionante de Nassau é mesmo passar o dia com a Jaime e o Fede. A boa nova que tive ontem é que o Fede conseguiu contrato no Miracle a começar em Novembro. Vamos voltar a estar juntos no mesmo navio! Existe assim uma forte possibilidade da Jaime ser lá colocada com ele. Isto faz do Miracle um dos momentos mais marcantes do ano, bem como da minha carreira e da minha vida pessoal, com uma terceira pessoa do meu círculo de amigos a juntar-se a nós também nessa altura. A identidade dessa pessoa fica, para já em segredo, mas posso dizer que é alguém importado por moi para integrar a família Carnival.
Hoje estou em Half Moon Cay. É uma ilha privada nas Bahamas. É propriedade da Holland-America, uma companhia de cruzeiros que pertence aos meus patrões – a Carnival Corporation. O Destiny fica ao largo e passageiros e tripulação vêm à ilha em tenders, que são barcos, botes, ferrys ou o que quiserem chamar-lhes. Hoje sou o enfermeiro de serviço. Significa que às sete da manhã já estou no primeiro tender para a ilha.
Vi o nascer do sol enquanto navegava em direcção ao Paraíso. Há momentos que não conseguem ser descritos por palavras, e este foi um deles. e como dizem que uma imagem vale por mil palavras, tirei umas quantas dezenas de fotos ao longo do dia. Na prática sou o único membro da equipa médica na ilha. Tenho uma casinha que serve de enfermaria e posto de primeiros socorros e estou equipado com equipamento de suporte avançado de vida para o caso de alguma coisa correr muito mal. Foi um dia santo e mal posso esperar por voltar cá daqui a duas semanas, dessa vez de folga. É impossível ver o que vejo aqui sem me lembrar de vocês que estão aí desse lado, coitadinhos, tão ocupados que nem têm tempo para me darem um sinal de vida. Vejo tudo isto e penso como seria espectacular que alguns de vocês pudessem estar aqui também.
Tenho passado bons momentos neste último mês. Até agora o balanço é positivo em tudo. Fiz alguns amigos e já revi outros que há muito esperava rever. No entanto ainda não sou o animal social que fui outrora no Holiday ou mesmo, em menor escala, no Conquest. Honestamente o dia não tem horas suficientes para trabalhar, escrever no blog, tocar guitarra, jogar Playstation, passear no porto onde estou, ver filmes e séries e ainda esforçar-me para conhecer gente nova. Cada coisa a seu tempo. E pela minha experiência nesta vida, as borgas só atingem o seu auge lá mais para o final do segundo mês.
No sábado passado estive em Cozumel. Soube bem sair, ir até ao No Name Bar e beber um copo enquanto via o e-mail e conversava com quem estava online no messenger. Obviamente que isso foi apenas o aperitivo, seguido pelo reencontro com a Weronika e a Iza, as tais que estão a viver em Cozumel desde que terminaram o contrato com a Carnival em Janeiro. A Weronika estava com a “espécie de namorado” dela que está de visita em Cozumel e foram às compras para o jantar enquanto fui nadar com a Iza. Ali ficámos uma hora e pouco na água, até irmos jantar. No regresso ao navio, já de noite, tirei as fotos que mostrei na posta anterior.
Usei a definição automática de foto nocturna, mas com a câmara assente na superfície que calhasse e foto tirada com o temporizador, para que nem o premir do botão a fizesse tremer. Quem não tem cão caça com gato, e parece que tive sucesso e cacei imagens únicas para a minha fototeca!
Têm sido dias muito preenchidos e cansativos. Mas quem disse que isso é mau?
Despeço-me com mais um espectacular pedaço da sabedoria bahamiana… esta dedicada a todos os que gostam de dar milho aos pombos… e gaivotas… e outros pássaros que nos largam bombas em cima.