quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Post conseguido!

Oi, pessoal! Não tenho novidades hoje, mas finalmente consegui publicar o post anterior com as fotos todas. Custou mas foi!

Isto é só palmeiras por todo o lado! Até parece que estou nos trópicos.

Espero que gostem.

 

Até à próxima!

 

A emoção de voar e a seca de fazer escala entre vôos...

Passando aquela emoção inicial de parolo que nunca andou de avião e que fica em pulgas com a aceleração brutal da descolagem, o que é voar para algum lado? É perder tempo de vida! Temos de fazer o check-in duas horas antes da suposta partida do avião (isto se não houver atrasos). Depois vamos embarcar e apanhamos outra seca, todos sentados a olhar para o ar, à espera que nos deixem entrar para dentro do avião, como se isso nos fizesse chegar mais depressa ao nosso destino. Quando finalmente abre o portão de embarque, levanta-se toda a gente, como se estivessem a oferecer alguma coisa para lá da porta que acabou de abrir, e metem-se todos em filinha indiana. Não será mais cómodo permanecer sentado até que todos tenham entrado e já não haja fila? É que isto não é como andar de comboio ou autocarro, que quem chega depois vai de pé! O que mais me deixa perplexo são aquelas pessoas que vêem que existe uma fila enorme para embarcar e, ainda assim, levantam-se a reclamar e vão meter-se meeeeeeeesmo no fim da fila e ficam a espreitar por cima do ombro do gajo que está à frente... afinal de contas, há que ir espreitando se a fila avança ou não, para poder reclamar quando a mesma pára. Realmente, a mente humana tem mistérios que nunca irei desvendar. Eu sou sempre o último gajo a embarcar. Fico sentado e só me levanto quando já não houver fila. E o engraçado é que, chegando ao avião, tenho lá o meu lugar marcado na mesma! Se algum de vocês pertence à tribo dos que adoram fazer filas, mesmo não sabendo pelo que se espera, deve estar neste momento a chamar-me herege e infiel. Mas não sou nada disso... tenho mesmo é a mania que sou esperto! Sou um orgulhoso adepto do "chico-espertismo".

Dentro do avião, já tudo sentadinho e com bagagens arrumadas. Mas não vamos descolar já... temos de assistir ao vídeo de segurança e à espantosa coreografia das hospedeiras a dizer por onde saímos se houver alguma avaria a 10000 metros de altitude! Pelo que percebi de todas as vezes que voei, o colete salva-vidas é uma invenção maravilhosa porque nos possibilita sobreviver a um acidente de aviação desde que tenhamos um correctamente colocado. "Pull the red cord to inflate the life-vest or inflate it manually by blowing into the red tubes". Perdão?! Insuflar manualmente metendo a boca no pipo?? "Manualmente"?! Mas é com a boca ou é com a mão? Ou estarão eles a dizer-nos que ir lá com a boca ou com a mão é a mesma coisa? Porque aposto que em Amesterdão a boca e a mão têm preços diferentes na factura! Dizer que meter a boca no pipo é um procedimento manual é igual a dizer que um bico e uma punheta são a mesma coisa!! (se bem que, tendo em conta a falta de talento de algumas pessoas, algumas vezes mais valia ficar pelo procedimento manual - mas isso já é assunto suficiente para abrir um blog novo!)

O momento que mais gosto antes da descolagem é mesmo esse: quando as hospedeiras pegam no pipo vermelho e cilíndrico do colete, o erguem até junto da face e, segurando-o delicadamente com a ponta dos dedos, projectam os lábios cuidadosamente pintados, humedecidos e entreabertos na sua direcção. Isto, meus senhores, é pornografia no seu melhor nível! É sempre neste momento que espero ver surgir por trás dela um canalizador musculado e de pele oleada, com um fato-macaco aberto até ao umbigo e que lhe pergunta se está necessitada de ajuda com a canalização. Mas isso nunca acontece. Está visto que as transportadoras aéreas precisam rapidamente de contratar melhores guionistas e directores artísticos. Aaaah, o fascinante e original mundo da pornografia!

A emoção de voar continua. A descolagem é o que mais gosto. Adoro aquela sensação de aceleração vertiginosa e o rugir dos motores, bem como a inércia que faz com que as nossas entranhas queiram continuar a 300km/h numa direcção e o avião nos puxa para cima, dando aquele arrepio na barriga como num carrossel ou montanha-russa.

 

A aeronave guina para um lado e para o outro enquanto encontra o rumo e rota adequados e aproveitamos para tentar localizar a nossa casa e outros pontos de referência. Obviamente toda a gente faz isto. As gentes mais sofisticadas disfarçam mas os saloios, como eu, não se preocupam com isso. Tenho cara de papalvo na mesma, não vou aparentar ser mais evoluído apenas porque mantenho uma postura de senhor viajado que já não liga à emoção de ter asas durante umas horas.

A meu ver, há um grande parolo dentro de cada um de nós. Basta para isso questionar: qual de vós não tem pelo menos uma foto das nuvens tirada quando se atinge a altitude cruzeiro? É sempre aquela foto que tiramos com grande entusiasmo. E é também aquela que nos desilude porque o resultado final é uma grande cagada.

A refeição a bordo é algo que consigo comparar áquele jogo em que se coloca apenas uma bala num revolver, roda-se o tambor, aponta-se à cabeça e prime-se o gatilho. Comer num avião é uma verdadeira roleta russa! Vejam o meu exemplo do vôo entre Frankfurt e Atlanta: mal entrei no vôo seguinte já estava a vomitar-me todo! A analogia é perfeita: um dos recipientes da comida tem bicho. Calhou-me a mim a preparação para a colonoscopia... ao menos fiquei limpinho por dentro!

Acontece que a partir daqui o resto da viagem é uma seca. Não se passa nada. Com sorte queimaram duas horas e meia desde a descolagem. Mas numa viagem longa, de onze horas por exemplo, ainda faltam outras oito horas para chegar ao destino, se lhes descontarmos meia hora para a aproximação e aterragem. Contas feitas, estamos sentados durante oito horas a tentar descobrir formas de fazer passar o tempo. Visto deste ponto de vista, não fui mais do que um funcionário público nas quase onze horas! de viagem entre Frankfurt e Atlanta. Sedentário durante oito horas e inventar esquemas para o tempo passar mais rápido. De vez em quando lá aparecia uma hospedeira que me perguntava qualquer coisa e eu sem interesse resmungava qualquer coisa entre dentes para tentar despachá-la. Tal e qual como quando vamos às finanças! Mas normalmente aí somos nós as hospedeiras. Se quisermos aprofundar mais, podemos comparar aquela meia hora da aproximação e aterragem com a meia hora antes da repartição das finanças fechar as portas. Estamos tão excitados com a emoção de aterrar (ou de ir para casa, depende da situação) que já estamos com tudo pronto para ir embora e não fazemos mais nada! Como vêem, tudo na vida tem uma analogia! Vivemos uma grande e complexa metáfora, só precisamos ter os olhos abertos e saber para onde olhar.

Terminada a fatídica viagem o que temos de seguida? Esperar mais duas horas e meia pelo próximo vôo, "psch-tá claro"!

É pena não haver este franchise em Portugal. Têm bebidas bué boas!

 

Hoje viajei de Mobile para Atlanta e daí para Cozumel. Aproveitei o tempo que esperei para explorar o Hartsfield-Jackson Atlanta International Airport, comprar um jogo para a PSP, beber um café no Starbucks e escrever metade deste post.

Operation HartBeat

Achei espectacular que o aeroporto de Atlanta tivesse uma iniciativa que chamam "Operation Hart Beat" (trocadilho com heart e Hartsfield, o nome do aeroporto). Então estes senhores têm, espalhados estrategicamente por todo o lado, duzentos desfibrilhadores automáticos externos (DAEs). Ao lado de cada um têm um folheto com gravuras e a falar da iniciativa Operation HartBeat, bem como um mapa do aeroporto com a exacta localização de cada DAE.

 Com instruções e folheto informativo

Voltei a andar de metro dentro do aeroporto para ir de um terminal para o outro. Também há quem lhe chame "tram". Isto é tão grande que há uma dezena ou mais de vôos a partir à mesma hora. Aliás, o meu avião fez-se à pista e enquanto fazia a última curva pude ver lá ao fundo, mesmo à nossa frente, outro a levantar vôo. Os gajos descolam em fila indiana, tal como a malta faz para embarcar!

Precisão ao segundo... e é mesmo real!

A viagem até Cozumel, México, foi bastante agradável. Curtinha e com a hospedeira mais linda que alguma vez apanhei. Ainda tentei mostrar-lhe que estava mortinho para ser "hospedeirado", mas ela não se deixou levar na conversa. Foi o avião mais pequeno em que alguma vez voei. Era tão pequeno que as bagagens de mão vieram fora do avião em cima do tejadilho, amarradas com cordel e com aquela guita branca fininha com que os pasteleiros fecham as caixas dos bolos. Brincadeirinha! Mas é verdade que grande parte da bagagem "carry õun" - este é o sotaque sulista deles e é como soa quando perguntam se levamos a mala connosco - veio num compartimento por baixo do avião, tal como nas carreira de longo curso (aqueles autocarros das excursões da escola primária, que ao regressar para casa no final do dia tinham uma "pintura" nova que se espalhava desde a primeira janela até à traseira). Só tinha bagagem de mão, que foi a que consegui preparar a correr antes de saltar para a lancha da guarda costeira dois dias atrás, e teve de ir nesse tal compartimento. Tirei o portátil e a PSP da mala e levei-os comigo... só por precaução, claro!   ;)

Que grande jogão! Perfeita combinação entre puzzle e plataformas. Recomendo!

Durante a aterragem em Cozumel pude ver o Holiday e outros mega gigantescos "cruise liners". O Norwegian Sun era lindo lindo lindo! Ainda hei-de sondar uma dessas empresas europeias para ver se pagam melhor e em €uros. Depois de estar na Carnival acho que facilmente conseguia emprego numa das outras.

Bienvenido a México!

Apanhei um táxi para o porto mas aproveitei para curtir um pouco de Cozumel. Passeei pela avenida marginal, espreitei umas lojas e fui lanchar ao MacDonalds, já que nem tinha almoçado. Enfardei que nem um porco! Comi um menú "Big Mac Doble" que me custou 80 pesos (são só 8 dólares). Este Doble Big Mac é um big mac igual aos nossos de Portugal mas com quatro hamburgers lá dentro! Houve um momento em que achei que tinha feito uma impactação alimentar! Nem a cola ia para baixo! A bestinha tinha fome e quase morreu "embuchada"!

Não conseguem ler, mas os pacotes vermelhos são «catsup»! Big Mac Doble! Tem quatro hamburgers! 

Fui a uma drugstore e consegui finalmente comprar um corta-unhas, shampoo e outros produtos de higiene. Calhou bem porque no aeroporto de Mobile me ficaram com a pasta de dentes esta manhã. Se vierem viajar tenham atenção a desodorizantes, perfumes, gel e etc.. Eles não permitem grande parte desses produtos na bagagem de mão.

 Para poder andar bem tratadinho! Pele macia e hidratada, para as meninas fazerem festinhas!

Este corta-unhas vem mesmo a calhar, porque da última vez que saí do navio e voltei a embarcar eles não queriam deixar-me entrar por causa das unhas dos pés, argumentando que não são permitidas armas brancas a bordo!

Fui ao Hard Rock Caffe mais pequeno do mundo e comprei uma guitarra mexicana a dizer "Hard Rock Cozumel" para um amigo que estava sempre a chatear-me para lhe levar uma ---espero que deixes de pedinchar a partir de agora, Serra!---

 

Acho que vou gostar desta vida

E pronto. Apanhei um dos vaivens que estavam a fazer serviço ao Holiday e cá estou eu a bordo. Tentei tirar uma foto ao meu primeiro pôr-do-sol em Cozumel, mas fiquei sem bateria quando mexi no telemóvel e o ecrãn se acendeu. Já só apanhei meio sol... mas dá para terem uma idéia.

Por-do-Sol em Cozumel

Fui entregar o passaporte à nossa Manager Staff Administrator (MSA) e estava a minha bailarina preferida a entrar no navio. Fez uma grande festa e viemos, tal como no outro dia, a conversar até às nossas cabines. Ainda me disse "glad to see you, it's good to have you back" e um "see you later". É que ela apanhou-me a sair da cabine de mala às costas quando evacuámos o doente há dois dias atrás.

Protegi a identidade da rapariga, Sr. Código Postal

Já vivo na Holiday Dancer Avenue, como elas lhe chamam... agora tenho que conseguir "penetrar" mais no "seio" do grupo das dançarinas! Alguém tem sugestões?   ;)

Esta foto está colada no início do nosso corredor!

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O Bacalhau que voa... aos saltos, como as galinhas!

Actualização rápida: tenho vôo para Cozumel mas não passo lá esta noite. Saio de Mobile às 7h rumo a Atlanta e daí tenho vôo directo para Cozumel. Sempre é melhor do que me tinham dito inicialmente, de ir daqui para Atlanta, daí para Miami e finalmente para Cozumel.

Assim sendo, já que ainda passo cá a noite, vou à rua comer qualquer coisa e fazer umas compras. Mas antes vou ligar a uma pessoa de cá... a ver se tenho companhia ao jantar!   ;) 

Talvez vá curtir a loucura nas ruas, já que hoje é a parada do Mardi Gras!

 

Até à próxima!

Até amanha, meu Fun Ship!

Mudança de planos!

Ligaram-me agora. Já não tenho entrevista com a Homeland Security e serviços de emigração. Estão a arranjar-me um vôo para me meterem ainda hoje em Cozumel! Parece que vou passar a noite num hotel numa espectacular estância balnear no México! Que pena... assim não posso ir sair hoje com a minha nova amiga aqui em Mobile. Fico a aguardar detalhes num próximo telefonema, mas sei à partida que o navio só chega a Cozumel esta madrugada, lá para as 7h. Por isso terei de passar a noite num hotel perto do porto onde o Holiday doca amanhã. Que chatice, pá!

Cozumel... que horrível, não é?

A paranóia espalha-se... e já fui atingido!

Na escolinha de enfermagem aprendemos a proteger a privacidade dos doentes, a respeitar a confidencialidade dos processos clínicos e, acima de tudo, a defender-nos. "Crescemos" como profissionais tendo isso na base de tudo. Até como alunos em estágio, em que andamos com processos de doentes de casa para o hospital e do hospital para a escola, a única coisa que fazemos é ocultar o nome e substituir pela iniciais.

Sendo que estou na terra dos processos legais contra tudo e todos, seguindo o conselho do meu amigo virtual Código Postal, grande guerreiro cibernético e Paladin de mundos de fantasia, decidi editar os posts anteriores. Retirei todos os nomes e reformulei muita da narração para ficar de consciência tranquila. Nomes ficcionais seriam parvos e optei por manter apenas os nomes da minha equipa.

Outra jogada necessária, para que conseguisse dormir melhor à noite, foi ocultar todo e qualquer pormenor clínico. Retira alguma emoção a alguns episódios, mas fico mais descansado assim. Embora não houvessem nomes de quaisquer passageiros nos textos, editei na mesma e assim não há mesmo nada que me preocupe.

Era só isto que queria anunciar. O humor continua lá, só algumas narrativas foram editadas para que as frases fizessem sentido sem os nomes e coiso e tal.

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Mudei agora umas definições do blog no que diz respeito aos comentários. Agora já NÃO precisam estar registados com uma conta do google. Podem continuar a fazer comentários através da vossa conta, mas já permite comentar aos outros que ainda não entraram na Googlemania. Só peço é que se fizerem comentários sem fazer login, que os assinem, senão não vou fazer puto de idéia de quem foi o autor. ---Código, a tua assinatura denuncia-te sempre!---

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Localização de Mobile nos EUA e Golfo do México

Muita gente me pergunta onde é Mobile. E também eu não sabia, até me dizerem que vinha para cá. Deixo-vos aqui um "google map" com a minha localização. Assim torna-se mais fácil saberem por onde ando.

Ilha de Cozumel

Para a semana, no dia 4, é o meu aniversário. Estaremos em Progreso durante o dia e à noite há jantar de gala do departamento médico, em minha honra e numa das luxuosas salas de jantar dos passageiros. Vai ser o aniversário mais original que tive até hoje!

Progreso, onde vou passar o meu aniversário. À direita consegue ver-se a ilha de Cozumel ------------------------------

Há pouco fui à emigração mas acabei por ser mandado para trás e tenho que regressar às 13h. Há um senhor muito simpático que tem como função levar-me de carrinha a todos estes sítios! Fartámo-nos de conversar. O homem é super porreiro. Não é louro, inglês e com um corpo de sonho, com mamas de olhar e ter dificuldade em desviar o olhar, mas essas eu prefiro manter lá nas cabines do meu corredor! :)

Viva o luxo!

Já que voltei ao hotel, aproveitei para meter a conversa em dia no messenger. Sei que tão cedo não terei esta oportunidade e há que usufruir. Tirei outra foto à piscina do hotel, hoje mais iluminada, para vos mostrar o luxo que é isto. A árvore que se vê na foto está na recepção. E isto é coberto. A piscina, jardim e recepção são cobertos! Muito louco o hotel. Tenho duas camas de casal... alguém quer vir cá? ;)

Só é pena não ter enfiado os calções de banho na mala que trouxe comigo ontem na lancha...

E quando pensava que este dia seria para descanso, eis que...

Como raio este dia chegou até este ponto??
A foto é parte do "princípio do fim" do dia. E é apenas o aperitivo!
(nota: daqui para a frente, se deixarem o cursor do rato sobre uma foto, podem ler a legenda da mesma)
Um dia que até começou "bem"... tive a cena da emigração de que falei no post anterior (se não leram, vão ver agora mais abaixo porque com este são dois que publico hoje e convém ler a primeira parte do episódio). Acabei por ficar preso no barco com o resto da tripulação e aproveitei para ir escrever um pouco no blog ou dormir mais umas horas (acordei às seis para ir à Emigração).
Quando ia a caminho da minha cabine cruzei-me com uma dançarina inglesa muuuuito jeitosa (como seria de esperar de uma dançarina) e muito simpática cuja cabine é ao lado da minha. Era uma das vozes que ouvia quando estava, feito puto, de castigo naqueles primeiros dois dias. Cruzámo-nos à porta da enfermaria (que estava fechada a essa hora) e ela precisava de uma coisa nossa antes de ir para os ensaios. Disse-lhe que só depois das cinco da tarde, que era quando iríamos abrir de novo a enfermaria. Ficou desolada. Aproveitei o momento para socializar e fomos na conversa até às nossas cabines. Há que tirar proveito de todos os momentos para conhecer pessoas novas, principalmente vizinhas giras, já que nestes quatro dias fui um rato de cabine e depois fui promovido a rato de enfermaria. Já na minha cabine achei que poderia ajudá-la. Até porque estava de folga e porque tenho as chaves da enfermaria... só me faltava a password de acesso ao sistema informático. Liguei para lá e a Rika atendeu-me. Fixe! Acabámos por descer até lá com outro dançarino (americano) que também precisava de qualquer coisa.
Já não consegui voltar para cima com eles porque fiquei a ajudar a Rika com as toneladas de burocracias e papeladas que um surto deste tipo envolve. É que uma cena assim mete os gajos do Center for Disease Control and Prevention (vulgo CDC) e eles são implacáveis. Creio que eram estes que no filme "Outbreak" queriam lançar uma ogiva nuclear sobre a cidade americana que estava com um surto de Ebola. E aí está a bela da paranóia americana a funcionar. É uma nação, "carago"!
Já depois do almoço, perto da hora em que os novos passageiros iam começar a embarcar no cruzeiro de 5 dias que começava hoje (Mobile - Cozumel - Calica - Mobile), encontrei a dançarina loirinha e simpática de novo. Estava a conversar com uma colega à porta de uma cabine antes da minha. Continuava vestida com a mesma roupa desta manhã. Mas a colega estava de calças e soutien, de costas para mim. Respeitador como sou, passei, sorri e cumprimentei-as de novo, mas não olhei para a senhora semi-nua por quem passei. Quando estava já com a chave enfiada na fechadura elas chamaram-me. Achei que, já que iam falar comigo, a tal dançarina em soutien voltariria para dentro da cabine dela ou que tentaria esconder-se um pouco mais. E lá fiz o "sacrifício" de voltar-me e ficar de frente para a tal rapariguinh-.... RAPARIGONA! Cruzes credo! A senhora era... como é que se diz em português... MAMALHUDA como tudo! Fiquei precupado e com medo de não conseguir manter o olhar fixo no dela enquanto falava comigo! É que os meus olhos estavam com uma estranha tendência de descer constantemente, não compreendo porquê! Não se mostrou nada preocupada por estar em soutien à minha frente. E também eu rapidamente fiquei sem preocupações quanto a isso. :)
Só depois deste episódio reparei no nome que tinha sobre a porta: Captain of Dance - seguido do nome e alcunha que, adequadamente, era "Tits". Pelos vistos o busto avantajado já lhe tinha dado uma alcunha e tudo. Ainda bem que não fui só eu quem reparou! ;)
Novo visual de oficial da Carnival: sem barba e de goatee
Voltei para a enfermaria e eis que recebemos uma chamada na linha de emergência. Um passageiro recém-chegado tinha caído no Lido Deck e estava a respirar com dificuldade. Saímos em passo bem rapidinho, com o nosso trolley de emergência, a Rika e eu. Num instantinho chegámos ao Lido Deck e lá estava o senhor. Pormenores clínicos fora, foi só oxigénio, cadeira de rodas e toca de ir rapidinho para a enfermaria. Chamámos o médico pelo rádio no caminho, para encontrar-se connosco na enfermaria e avisar o comandante para não partir enquanto não tivessemos o doente evacuado para um hospital.
Correu tudo bem e lá foi ele, levado por paramédicos que vieram de ambulância buscá-lo ao navio. Podia ter sido muito pior se estivessemos em alto-mar, fora do alcance dum helicóptero. Era a morte do artista. Assim ele conseguiu chegar rapidinho a uma unidade hospitalar antes sequer de ter feito uma hora desde o início da sintomatologia. No entanto, por esta altura, já eu começava a pensar se sou alguma espécie de amuleto de má sorte a bordo. É que num local onde as coisas mais graves que acontecem são pessoal enjoado por causa das ondas e quedas com pés torcidos à beira da piscina não era suposto haver coisas como surtos epidémicos e doenças graves a bordo.
Como ainda estava de "folga" e estava sem uniforme, fui à cabine mudar de roupa. Ainda fui buscar a minha nova placa de identificação à nossa management staff assistant (MSA).
A minha placa de identificação. Gosto tanto de ver ali NURSE - PORTUGAL
Cheguei à enfermaria e a Rika estava a fazer um penso a uma ferida numa perna duma velhota que levou com uma mala doutra passageira. Continuo a trazer "sorte" ao navio e ocupantes!
Sentado ao computador a escrever a ficha da doente recebo uma chamada no telefone 911, o das emergências. Um outro passageiro estava a sentir-se mal na cabine. De trolley atrás acorri ao homem. Avaliei-o e decidi levá-lo para a enfermaria. Meti-o numa cadeira de rodas e toca a despachar para onde tivesse equipamento e ajuda.
Para a segurança do doente teria de ser desembarcado. Mas já estavamos em andamento e não havia como voltar atrás porque não é possível dar a volta ao navio dentro do canal. A solução passava por evacuar o doente numa lancha da guarda costeira. Sem grandes pormenores a acrescentar, mandaram-me fazer uma mala pequena, o mais rápido possível, e preparar-me para deixar o navio e acompanhar o doente até terra. Mais tarde teria alguém a dizer-me o que seria feito de mim, já que no navio não iria parar e seguiria rumo a Cozumel. Mas para já, ia sair do navio sem saber o que raio ia ser de mim quando chegasse a terra e o doente estivesse entregue.
Chamou-se a Sierra Team (o nome de código para "stretcher team", para não alarmar os passageiros) e chegou a lancha da guarda costeira norte-americana. Foi a loucura! Colete salva-vidas, mala de emergência e desfibrilhador automático externo, passaporte, autorização de desembarque dos serviços de emigração, dinheiro no bolso, bagagem (com pouca roupa porque o portátil onde estou a escrever ocupa 80% do espaço da mala) e pulei para dentro da lancha.
Agora já sabem como cheguei a isto... mas esperem para ver como termina!
Agora já percebem o contexto da foto. Foi a loucura! A lancha estava amarrada ao navio, mas ele continuava em marcha e via-se a ondulação a passar por nós a uma velocidade que metia respeito.
Há imagens que temos de considerar uma dádiva e um privilégio...
Tive o privilégio de ver o Holiday de um ponto de vista que poucos devem ter experimentado. É lindo, não é?
Enquanto a lancha se afastava a todo o gás, mesmo a acelerar à bruta, fiquei cá fora na plataforma com o doente na maca, sob um monte de cobertores. Ao contemplar aquela imagem do Holiday a ficar para trás, não consegui conter o sorriso. Nem há um mês atrás vivia enfiado num buraco, num serviço de urgência com uma tremenda carga de trabalho que exigia uma força sobrehumana... e agora estava aqui, em alta velocidade numa lancha, com um doente e dois paramédicos ao meu lado, com um colete salva-vidas nos ombros e um desfibrilhador na mão. Que explosão de adrenalina! Espectacular e indescritível misto de emoções!
Avisaram-me que demoraríamos cerca de 20 minutos a chegar ao porto mais próximo áquela velocidade. O doente estava estável e sem queixas. A voz dele mantinha-se calma e isso tranquilizou-me.
Inesquecível...
Observei o Holiday a afastar-se e mantive a mão no ombro do doente para tentar transmitir-lhe segurança e a sensação de que tinha alguém ali do lado dele. Foi um momento que nunca vou esquecer...
Chegados ao porto, nem cinco minutos tivemos de esperar pela ambulância. Grande carrão! Já tinha visto ambulâncias destas nos filmes e até num simulacro na IC19 (os bombeiros de Carcavelos têm umas poucas que só usam em desfiles porque são para aí 4000cc de cilindrada e a gasolina), mas nunca tinha estado dentro de uma. É espectacular! Parece um autocarro, super espaçosa, super confortável e, acima de tudo, muito prática e equipada à altura. Um verdadeiro luxo.
Foi aí que encontrei a minha futura ex-mulher. Da ambulância saíu uma paramédica loirinha, muito gira, discreta e com uns olhos verdes lindos! E tão simpática!
Aqui está um gajo orgulhoso do uniforme que enverga!
Ainda tive tempo para que um dos paramédicos da lancha me tirasse uma foto para imortalizar o momento. Há bacalhaus que se metem em aventuras do caneco!
Ainda demorámos uns bons 30 a 40 minutos a chegar ao hospital. Vim o caminho todo a ver a paramédica gira a fazer o trabalho dela. Fiquei impressionado. Fez tudinho! Espectacular colheita de dados com o doente e, ao reparar que ele tinha umas extrassístoles ventriculares relativamente frequentes, até lhe fez um ECG de 12 derivações. Fui metendo conversa e fiquei a saber que nasceu e cresceu em Mobile, tem 25 aninhos e está no 3º ano de enfermagem. Quem diria! Devo ter alguma pancada por alunas de enfermagem que andam em ambulâncias! Adora viajar e já fez uns 5 cruzeiros, todos pela Carnival! Aprendi ainda que o curso de paramédico são 2 anos. É verdade que Portugal ainda está muito longe de atingir este nível em emergência pré-hospitalar. Principalmente no que toca à apresentação das paramédicas! ---claro que tu estás excepcionalmente bem cotada e representas muito bem a classe, Betinha! ;) ---
Chegámos ao hospital e o doente foi entregue em segurança. Estável, actualmente sem queixas e a salvo. Se o estado dele se agravasse já fora do alcance duma evacuação de helicóptero seria muito grave. Mas correu tudo bem e era o que se queria. Tudo acabou da melhor maneira.
Já no hospital tinha uma carrinha à minha espera e uma reserva para o hotel onde estou agora a escrever este post. Tenho duas opções daqui para a frente: ficar aqui 5 dias até o cruzeiro terminar e o Holiday estar de regresso a Mobile ou ir de avião até Cozumel e apanhar o navio de novo daqui a dois dias. A decisão não depende de mim e serei contactado por uma coordenador da Carnival amanhã para me dizer o que será de mim esta semana. Sinceramente, sendo que fiquei com o número de telefone e email da paramédica para irmos sair, prefiro ficar por Mobile!
Ainda por cima estou num hotel de luxo, com piscina, internet wireless grátis e tudo do melhor.
A foto não faz jus à categoria da piscina
Duas gigantescas camas de casal
Digam-me vocês: devo ficar ou devo ir e juntar-me de novo ao navio em Cozumel? ;)
Como diria a minha avó: baidozito de esterco!
P.S.: cheguei a dizer-vos que não pago nem alimentação nem alojamento enquanto estiver à espera que o navio regresse? :)

Aventuras de um Bacalhau aprisionado - O Isolamento

25012008252

Estava iniciada a aventura. Quarentena, jet lag, consola de jogos portátil à mão (a minha fofinha playstation portable), computador portátil sem internet (que também acaba por servir como pisa-papéis e arma de arremesso) e muito vontade de sair do "castigo" para ir, entre outras coisas, comer comida de gente! Há sei lá quanto tempo que não comia nada que não fosse comida de avião e cereais. Eu queria um mega bife a escorrer sangue e batatas fritas cheias de gordura! Mas nãããããão... eles acharam que eu precisava ficar quietinho a beber água durante dois dias. Ao menos consegui contornar isso e lá me deram umas torradinhas secas. Nunca antes tinha saboreado com tanto gosto umas fatias de pão sem nada!

Foram dois dias estranhos, em que eu não sabia onde estava, não conhecia ninguém e nem sabia o que fazer se precisasse de alguma coisa. Tinha o número da enfermaria e dos bips das minhas colegas, mas nem me sentia à vontade para as chatear. Felizmente a Rika, a enfermeira chefe, é espectacular e ligou-me na manhã do segundo dia e perguntou-me, no seu super marcado sotaque sul africano ---que me faz lembrar MUITO da loirinha mais linda do mundo, a Cláudia Guedes Fagulha--- "HIIIiiii, Bruno! Are you still breathing?". Afinal de contas não estava esquecido! Acabou por vir à minha cabine, viu como eu estava e fez a gentileza de ligar para o "room service" e pediu comida que supostamente eu não estava autorizado, pelos regulamentos, a comer enquanto em isolamento por gastro-enterite (GI). Passou-me o telefone e pedi uma bela duma sandes mista. Cházinho e sandes mista não foi mau de todo. E ainda meteram umas batatinhas fritas de pacote e enfeitar o prato e caíram que nem ginjas!

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À noite já comi arroz, iogurte com frutas (que é do melhor para a caganeira que só tive naquela noite no hotel), gelatina e mais uma sandes. Enfardei tanto que fiquei mal-disposto. Mas aguentei-me, não disse nada a ninguém e tomei o belo do Primperan e joguei e vi filmes até adormecer ---Templas, vi aqui na televisão aquele filme que estava no cinema, o tal do gajo que engravida a loira da Gray's Anatomy, e também achei que a nossa Irmandade devia abrir um site daqueles para ganhar dinheiro!---

Estes dias fechado na cabine foram estranhos...sozinho a ouvir pessoal do staff a falar e a rir no corredor à minha porta (é certo que só ouvi mulheres e já tinha visto uma loirinha muito gira com pinta de inglesa na cabine em frente da minha). Enclausurado desta forma, isolado do mundo e das pessoas, lembrei-me da minha infância. Lembrei-me de quando tive escarlatina e fiquei fechado em casa até estar recuperado. Ouvia os amigos a brincar na rua e eles vinham dentro do prédio falar comigo através da porta. Aqui era parecido, mas amigos não havia por perto e ninguém vinha falar comigo através da porta. ---um grande abraço, Fechas, por me teres feito companhia com os teus SMS durante estes dias---

Aproveitei este tempo para repôr energias porque a viagem de Portugal para cá foi mesmo esgotante. Li todo o manual de bordo para tripulantes, onde descobri que a minha barba não é autorizada. Apenas autorizam bigodes e "goatee". Adivinhem qual optei por manter!

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O Holiday continuou a navegar pelo Golfo do México e chegou a Cozumel cedinho pela manhã. Vi a paisagem pela janela da cabine e pensei "enaaaa, hoje saio do isolamento a tempo de pisar solo mexicano"! Mas eis que toca o telefone e me dizem "hi, Bruno, we need your help down here at the infirmary. We're in the middle of a crisis". Pensei que estavam a pregar-me uma partida, já que um gajo acabadinho de chegar, que fica dois dias enfiado na cabine sem ver nada não fazia puto de idéia como ajudar fosse em que situação fosse. Vesti-me à pressa e fui comer.

Ninguém me tinha mostrado o navio nem onde era suposto eu comer. Sei à partida que, sendo oficial, posso comer em qualquer lugar onde sirvam comida, até nas zonas de passageiros, desde que lhes dê prioridade e esteja vestidinho como oficial e a cumprir as regras todas. Mas ao telefone perguntei à Rika onde podia comer e ela deu-me indicações. Obviamente percebi tudo mal e fui parar à messe dos oficiais. Sem uniforme ainda, apenas com um fato de circulação / pijama de bloco / scrubs, entrei pela messe e tentei perceber como aquilo funcionava. Estavam três homens sentados. Um estava sozinho na mesa e os outros dois estavam juntos numa mesa à parte. Devia estar com uma cara tão assustada e confusa que ficaram todos a olhar para mim. O que estava sozinho perguntou-me se precisava de ajuda. E lá tentei dizer, no meu melhor inglês, que era o novo enfermeiro mas que tinha acabado de sair do isolamento e que era a minha primeira refeição ali. Ele pacientemente explicou onde podia servir-me ou até pedir comida que não estivesse à vista e que eu quisesse. Convidou-me a sentar-me à frente dele, apresentou-se e meteu conversa. Perguntou-me de onde eu era e disse-me que éramos vizinhos quando lhe disse que vinha de Portugal. Italiano, simpático e com muitos risquinhos nos ombros. Olhei para a placa com o nome e posição dele a bordo era Master. Já tinha lido, algures durante o isolamento, que a ordem de evacuação do navio só podia ser dada pelo "Master". Sim, de certeza que tinha lido isso no manual dos tripulantes. Quer dizer que este senhor era dos que trabalham na Bridge, onde se controla o navio e se tomam todas as grandes decisões.

Terminado o pequeno-almoço desci para a enfermaria e deparei-me com um cenário de catástrofe! Pessoal sentado no chão, gente e discutir e a fazer escândalo, uns a vomitar para sacos e baldes e outros a correr para a casa de banho já com as calças manchadas pela diarreia. ---Estevinho, lembras-te da epidemia de franceses com vómitos e caganeira por causa dos ovos daquele Hotel ao pé do Curry? O cenário era igual mas num espaço muito mais pequeno!!!---

Parece que realmente precisavam da minha ajuda. Médico, duas enfermeiras e eu, o puto novo que não sabia sequer o nome dos medicamentos em inglês, que tinha de parar para pensar no que ia dizer e não conseguia sequer dar dois passos sem perguntar como se faz, tudo em alvoroço com gente a chegar a cada minuto e o caos a instalar-se. Parecia um dia na urgência do Amadora-Sintra! Tive turnos mais calmos na Triagem!

Foi um dia inteiro a trabalhar que nem um cão. Muitos injectáveis, supositórios e tudo o que um gajo pudesse lembrar-se para parar os vómitos da malta e só então conseguir parar-lhes a diarreia com comprimidos. Um surto do que chamam "Noro virus", o principal responsável por gastro-enterites virais. Num ambiente fechado como é um navio, é gravíssimo. Espalha-se de uma forma assombrosamente rápida e ganha dimensões alarmantes. Felizmente a bordo dum navio o vírus não se espalha para além do número de tripulantes de passageiros. Se fosse uma epidemia letal, tipo Ebola, morria por aqui. Pelo menos até darem com os corpos quando viessem ver por que ninguém respondia ao rádio!

A situação foi grave. Mas conseguimos manter tudo mais ou menos controlado. Para a equipa médica que estava a integrar-me aquilo era o caos. Para mim, era apenas mais um normalíssimo dia de trabalho. :) Esta gente certamente nunca viu a urgência do HFF!

No dia seguinte ao almoço, sentados à mesa, enquanto a Rika me fazia perguntas para ver se tava preparado para o teste de procedimentos de segurança e emergência a bordo (um teste que todo e qualquer tripulante tem de fazer) surgiu a questão "quem pode dar a ordem de evacuação do navio". Eu respondi que era o "master" e que por acaso no dia antes, meio desorientado, ele me tinha convidado a sentar e tomar o pequeno almoço em amena cavaqueira. Ela ficou admirada... é que esse senhor italiano simpático com muitos risquinhos nos ombros é o COMANDANTE do navio! Eu, um gajo que cresceu a rir-se com as tropelias da tripulação d'O Barco do Amor na televisão, conhecedor de toda a mística em redor da honra de ser convidado para a mesa do Comandante, tinha tomado o pequeno almoço com ele, falei de onde vinha, perguntei-lhe de onde era ele e tal, como quem fala da meteorologia e sem puto de idéia que era o senhor que manda em tudo aqui dentro! :)

Depois de um dia a viajar e 48 horas de isolamento passei dois dias inteiros a trabalhar que nem um cão. Ninguém parou nesta enfermaria e a Anna e o médico, o Sachi (um indiano especialista em emergência), fizeram directa e trabalharam também a noite toda, enquanto a Rika e eu fomos dormir.

Nestes dois dias passaram pela enfermaria mais de cem passageiros e tripulantes, e uns 90% foram só no primeiro dia. Isto de um total de 1548 passageiros e 686 tripulantes. Ainda bem que este navio é dos mais pequenos da frota!

Hoje foi o dia em que atracámos de novo em Mobile. Tive de obter a minha autorização para circular em solo americano. Os senhores da emigração (Homeland Security) fizeram a parte deles, mas por causa do surto viral, ninguém pôde deixar o porto. Aproveitei apenas, já que estava fora do navio, para fotografá-lo de novo e meter aqui umas fotos para vocês verem.

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Por hoje é tudo. Mas já tenho outras histórias para contar e começam a descer de nível e a subir de interesse! ;)

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Sair de casa e chegar ao destino - Capítulo 1

Era uma noite fria. Sem chuva... sem vento... mas fria como tudo. Sono, cansaço, stress e ao mesmo tempo aquela estranha sensação de que os pés não estão na terra e que estamos acima de todo e qualquer problema. Esta última sensação é algo que descrevo como aquele momento embaraçoso em que um professor pergunta "alguém tem dúvidas?" e a resposta é apenas o silêncio. Aquela sensação de que nem sequer conseguimos identificar o que falta e o que não estamos a perceber. E nesse momento pensei que talvez devesse ter ido jogar futebol profissionalmente, pois o vazio na minha cabeça fez-me sentir quase como que possuído pela alma do Cristiano Ronaldo... mas sem o talento para dominar a bola. Sabia que nada sabia do que tinha para fazer e do que já estava feito. Total desorientação e confusão mental. Cheguei mesmo a indagar-me se um ionograma não iria revelar uma hiponatrémia das más porque eu já não conseguia pensar em nada e tinha até alguma dificuldade em fechar a boca para não ficar a babar-me enquanto olhava para as malas, papeladas, sacos, ecrãn do computador, chaves de casa, documentos para a viagem, recados para a mãe e etc.. E olhem que já vi muitas vezes esse olhar vazio de hiponatrémico grave, com a boca aberta e em que só não escorre baba porque já estão desidratados demais para isso!

O Fechas estava a dormir na minha cama enquanto eu arrumava o que faltava e dava um jeito nos preparativos de última hora (que, para quem me conhece, sabe que significam 90% das que coisas que precisava estar a tratar com mais de um mês de antecedência).

Era suposto ele ir levar-me ao aeroporto e seguir para o trabalho. Mas como o meu carro deu o berro, o coitado foi também meu motorista ao longo da noite, enquanto fui deixar a minha "amante" a casa do Fagulha ---Fadjo: espero que estejas a fazer o amor com ela enquanto escrevo isto. É muito delicada e precisa de muito carinho!---

Ainda tive de regressar ao hospital porque me esqueci de assinar as folhas de ponto! ---Há coisas que nunca mudam, não é Rolo e Matilde?---

Pois bem, às 5h55 estava no aeroporto de Lisboa, com duas malas muito acima do peso permitido, muita confusão na cabeça e uma senhora que queria despachar-me e terminar os check-in para aquele vôo. E a coitada, obviamente farta de estar ali uma noite inteira a levar com parolos como eu, apanha-me pela frente, sem saber sequer o que tinha de mostrar-lhe para poder entrar no avião.

Às 7 horas estava dentro do avião e com destino a Frankfurt. O verdadeiro destino seria Mobile, no Alabama. Mas como não há vôos directos, lá foi o Bacalhau dar uma passeio à bela Alemanha. De Frankfurt apanhei então um avião da Delta a caminho de Atlanta, EUA. Foi o maior avião onde viajei, um Boeing 767, e foi também onde serviram a melhor comida de avião que já comi. Infelizmente, a comida era tão boa que o meu pobre estômago, habituado à javardeira da comida do refeitório e do bar do HFF ---Louvado seja Valentim... Ámen!!!--- rejeitou tudinho. Mas falarei disso mais à frente.

Umas 11 horas depois aterrei em Atlanta. Subitamente mal-disposto, sem paciência e irrequieto. Até parecia que estava a viajar há mais de meio dia e com uma directa em cima... não se entendem estas variações de humor. Parecia uma gaja com as hormonas à chapada para ver quem leva a melhor. E ainda assim tive de esperar uma meia hora numa fila para a Emigração, andar perdido por sei lá quantos corredores vazios, voltar a levantar as bagagens, fazer novo check-in e esperar hora e meia (para além do tempo já passado nas burocracias) pelo novo vôo. Tive de apanhar um COMBOIO dentro do aeroporto que acabou por deixar-me no terminal onde seria o embarque no meu último vôo. Já em Frankfurt foi assim... estes gajos têm aeroportos TÃO GRANDES que para um gajo ir de um lado para o outro lá dentro, há um sistema de metropolitano só para esse efeito. C'um caraças! Aqui é MESMO tudo à grande. Mas mais tarde voltarei a abordar esse tema, dando uns toques acerca de: sanitas, taxistas femininas (se é que existe essa nomenclatura!), estradas e cadeiras de rodas.

Cada vez pior, lá fui ver como seria uma casa de banho americana. Entre cólicas e náuseas, tudo eram ameaços. Saídas abertas, mas sem trânsito... e isto é uma metáfora... ---das que tu gostas, Magda!--- e por duas vezes recorri às bonitas casas de banho do Aeroporto Internacional de Atlanta, ambas sem "sucesso".

Acabei por embarcar no meu último vôo, um avião pequenino em que os passageiros perguntavam uns aos outros, como quem mete conversa no autocarro, "so do you live in Mobile?". Tudo muito amigável e quase a tratarem-se por "ó vizinha". Obviamente EU tinha de mostrar-lhes que não estava à vontade com essa conversa no avião e vomitei, alto e bom som, para quebrar o ambiente. Sucesso garantido! Principalmente com o avião ainda no solo, motores silenciosos e os passageiros a fazer o embarque. Diz que a pizza de espinafres servida como "snack" no último vôo achou que eu precisava de atenção no meio de tantos desconhecidos, e decidiu saltar cá para fora por onde houvesse espaço para sair... incluindo as narinas na rota que tão cuidadosamente traçou do estômago até ao saquinho de vómito do avião. Que bonita imagem consegui criar agora nas vossas cabecinhas, não é? Os filmes "blockbuster" são assim... gráficos, sem delicadezas e capazes de transmitir-nos sensações, ainda que seja apenas repugnância! Este é um desses "momentos blockbuster", um de muitos nesta nova novela "Bacalhau das Caraíbas".

Lá descolou o avião, e eu todo sorridente, sem ponta de náusea e capaz de enfrentar o mundo! Afinal era mesmo só a pizza que estava a incomodar-me. Também, quem raio é que se lembrou de juntar ESPINAFRES e PIZZA. São de Reinos diferentes, Mundos distintos, Filos separados! Nunca misturem coisas supostamente saudáveis como "gorduronga" e colesterol. Vão andar à porrada para ver quem ganha e, independentemente do venceder, nós perdemos! Perdi volume gástrico, mas ganhei a atenção e o olhar reprovador e enojado de todos os outros a bordo! E ainda fiquei com um hálito a condizer! Adoro ser popular!

O avião lá descolou, após me perguntarem se eu queria esperar pelo próximo vôo e eu os ter mandado à fava. Bastou o meu bafo para que eles deixassem de querer fazer-me mais perguntas. Ou isso ou tinha algum pedaço de pizza de espinafres semi-digerida a pender do nariz sem dar conta. Consegui repeli-los e acabei por dormir durante toda a viagem.

Chegado a Mobile estava "terminada" a viagem. Um táxi à porta, uma espécie de carrinha parecida com uma Citröen Xsara (mas americana) tinha no lugar do condutor uma senhora que também ela parecia uma carrinha, se bem que muito menos elegante que uma Xsara. Se esta fosse internada na Amadora, teria escrito na sua folha "obesidade mórbida" como antecedente e isso seria passado em voz alta enquanto ela sorria de volta para nós ---certo, Magda? :) --- Malas na bagagem e ala que se faz tarde (ou não, já que aqui ainda eram SÓ 19h). Pelo caminho esta senhora fez de tudo, mas o mais espectacular foi quando fez um bonito exercício de ginástica acrobática, tirou o telemóvel do bolso, abriu-lhe a tampa, correu a agenda, ligou a umas três pessoas, falou com todas acerca de um monte de porcarias e isto SEMPRE a conduzir. Espectacular! Mudanças automáticas têm destas vantagens: ficamos com uma mão livre para fazer o que for preciso!

Lá cheguei, são e salvo, ao Hotel. Era um Marriott. E, para não achar estranho estar num hotel desta família, lá gregoriei (ou "cabritei") mais uma vez após beber um copo de água. Mas desta vez parece que as saídas estavam abertas e cheias de trânsito, porque foi água por cima e por baixo. Eis que tinha chegado também a bela da diarreia. Fiquei melhorzinho após "desaguar" e lá me deitei na cama, portátil ao colo e ligação wireless à borla. Acabei por adormecer... foram 21 horas de viagem: de carro, avião, comboios dentro dos aeroportos, tapetes e escadas rolantes com fartura, mais aviões, vómitos pelo nariz, taxistas de telemóvel em punho e tudo o que um gajo possa imaginar para uma só viagem. Em Mobile são menos 6 horas do que em Portugal. Podemos então adicionar "jet lag" à lista de coisas a deixar-me de rastos.

Acordei de manhã, sem sono mas todo moído. Fiquei na ronha, ainda fui à net de novo e fui bombardeado por mensagens de gente que estava online em Portugal. Parece que era hora de almoço e estava tudo sem nada para fazer e decidiram todos meter conversa. Obrigado a todos pela força e pela conversa matinal ---Gregos, esta é para ti!---

Banhinho, roupinha lavada, tudo enfiado dentro das malas e lá vai ele de elevador. Pequeno almoço a correr: fruit loops com leitinho do bom e um donut coberto de kilos de açucar em pó. Na América, sê americano! Tinha de provar um donut deles, pá. Isto é que é! Não é como aquela porcaria da Panrico... aqui sente-se o peso do bolo!

O táxi chegou com uns 15 minutinhos de atraso, pelo que ainda tive tempo de usar um computador com net grátis para carregar o meu telemóvel. É que a 48 cêntimos cada SMS, um gajo fica sem saldo num instante! Nove e meia e estou no táxi a caminho do M/S Holiday. Segundo sei, é o navio mais antigo e mais pequeno da frota da Carnival. O taxista não era obeso. Era um afro-americano, pequenino, velhinho e magrinho. Não falava ao telemóvel mas tinha um copo para onde cuspia com frequência... e deixem-me dizer-vos que o tabaco de mascar tem um aspecto horrível depois de estar empapado em salivinha! Tentei meter conversa mas bem que me arrependi. É que o senhor tinha um sotaque imperceptível e eu ia dizendo coisas como "aaaaahhh..... oooohhhh.... riiiiiight...." para ele não pensar que estava a falar para o boneco. Foi uma viagem interessante e só conseguia lembrar-me cas conversas do Nuno Markl com os taxistas - "o futebol já foi mais técnico"! Estava a chover, mas nada de especial. Daquela "molha-parvos".

Foi então que, de cima de um viaduto, vi lá à frente o belo do Holiday. O "mais pequeno" da frota era mais alto do que um prédio e foi assim que consegui vê-lo. Tirei-lhe logo umas fotos com o telemóvel! São 3 megapixéis, mas dão para desenrascar. O senhor parou no Porto, deu-me o recibo dos 20 dólares que paguei e ajudou-me a tirar a bagagem. O segurança do navio perguntou-me qual o meu departamento a bordo e eu respondi "Medical". O gigante senhor de raízes africanas disse "oh, you're the new nurse" e deixou-me entrar. Mas ainda aproveitei para tirar mais umas fotos. Meus amigos, o navio é gigante... estar na base do navio e olhar para cima é como olhar para um edifício de 8 ou 9 andares. Enorme!

Entrei, mostrei passaporte, assinei umas folhas com vários nomes de recém-chegados, passei pela segurança DE NOVO e todas as minhas coisas passaram pelo Raio X. Depois assinei mais uns papéis, preenchi mais outro (onde meti uma cruzinha no fim onde me mandava assinalar caso eu tivesse tido diarreia ou vómitos nos últimos três dias),fiquei sem passaporte e esperei uns minutos por uma das enfermeiras. E nesses minutos vi uma inglesa linda linda linda linda linda de morrer. Alguém meteu conversa com ela e foi assim que soube de onde ela era. Eu lá continuei no meu silêncio... envergonhado e com medo que alguém olhasse para mim. Isto é um bocadinho constrangedor... tudo é novo, tudo é estranho, tudo é diferente. Lá chegou a enfermeira. Apresentou-se: Anna. Meia idade, sul africana, cabelinho curtinho e bom aspecto. Mas ficou muito preocupada por ter tido diarreia e vómitos na noite anterior. Guiou-me por um labirinto de corredores e salas, nitidamente áreas de acesso restrito à tripulação, onde até empilhadores andavam, e lá chegámos à enfermaria. Ela ficou a tratar dumas coisas dela no computador e eu fui vendo as salas da enfermaria, as gavetas, os armários, os nomes das medicações em inglês... um dos desfibrilhadores era-me familiar e fui ver como tinham aquilo arrumado. Era um Lifepak12, igual aos usados nas VMERs. E ao fim dum bocado ela lá me levou ao meu quarto (daqui para a frente chamado "cabine"). O médico não estava presente, então ela ficou de dizer-me qualquer coisa acerca de eu ter tido diarreia.

A cabine é pequena, mas tem tudo. Uma cama, uma TV com leitor de cassetes VHS (nem sabia que isso ainda se usava), um roupeiro, uma cadeira, uns halteres pequeninos no chão (para eu abater a badocha!), dois telefones, um frigorífico, um colete salva-vidas, casa de banho e até uma janela com vista para o mar. Tive uma visita da minha enfermeira chefe, a Rika. Também sul africana, muito simpática e também perto dos 50. Parece que as sul africanas são lindas quando são novas e que se mantêm assim à medida que os anos vão passando!--- não é assim, Cláudia? Vais ser uma cota toda gira com o Fagulha a afastar os abutres que andarem à tua volta!--- A Rika lá me deixou sozinho de novo e fui tratando de abrir e espreitar todas as gavetas e armários.

Mal entrei tinha também reparado nos meus inseparáveis companheiros daqui para a frente - um bip e um rádio (ou walkie-talkie, para os que tinham uns para brincar quando eram pequenos) - e fui mexer neles.

Desfiz as malas, arrumei tudo e recebi um telefonema da Anna. Parece que uma gastro-enterite é uma situação grave a bordo, principalmente porque tiveram uns quantos casos no cruzeiro anterior e que tinha terminado nesse dia. Como tal, fiquei de QUARENTENA... por 48 horas! Isolamento sem poder sair da cabine, com dieta líquida no primeiro dia e gelatina, torradas secas e arroz branco no segundo. Estava finalmente no meu destino. A viagem foi longa e precisava muito de descanso... mas não esperava ISTO.

Abri o portátil e comecei a passar tudo o que eram fotos do telemóvel para o disco rígido. Alguma coisa falhou... e perderam-se TODAS! TUDINHO!!! De sei lá quantas fotos, antigas, assim-assim e recentes, incluindo as do navio, sobraram apenas duas. ---Uma era tua, Betinha! ;) --- Há coisas do caraças...

E foi assim o espectacular início da minha aventura... uma verdadeira cagada!

Instruções e avisos - importante!

Hoje em dia tudo traz um livro de instruções. E também este blog vem “equipado” com um. Mas aqui não é em formato de livro… é apenas mais um post, no meio de muitos que espero cá deixar. Há quem cague postas de pescada. Pois eu cago posts! E isto é ser chique e estar na moda!

1) Acerca da Internet, tempo de utilização limitado e pr€ços
Cada cartão de 3 horas de acesso custa 20 dólares. Consigo aceder da minha cabine à rede wireless da tripulação e faço-o da privacidade do meu portátil. Mas a ligação nem sempre é rápida, principalmente se estiver em alto-mar e o tempo é muito limitado. Limitado principalmente pelo pr€€€ço! Assim sendo, caso me encontrem online no messenger, não me inundem com mensagens e pedidos de atenção. O mais certo é que esteja apenas a enviar e receber e-mail para ler depois quando desligar a internet. Ou talvez esteja a publicar algum novo post no fórum. Podem meter-se comigo no messenger, mandar beijinhos e abraços, mostrar as mamas (se estiverem mesmo com muitas saudades!) mas não esperem que consiga dar-vos muita atenção. Mandem um mail, mas não daqueles enviados e re-enviados, re-encaminhados mil e uma vezes e com aquelas espectaculares correntes que não podem ser quebradas e que podem deixar-me amaldiçoado para sempre. Escrevam algo vosso. Não quero cartoons ou vídeos cómicos, só quero as vossas palavras.

2) Acerca do blog: endereço, posts, comentários, seu objectivo e coisa e tal
O objectivo deste blog é dar-vos notícias minhas da forma mais rápida, mais divertida para vocês e mais barata para mim. Todos os posts serão escritos offline e depois enviados para a página ligando-me apenas para esse fim e durante um curto período de tempo. Isso reduz os elevados custos que a ligação via satélite tem em alto-mar. Se estão a ler isto é porque já sabem o endereço do blog. Divulguem-no a quem acharem que vai gostar de ler as palermices que aqui vou deixar. É suposto comentarem o que lêem. É a forma que têm de mostrar-me que continuam desse lado e que continuam comigo. Por favor, deixem-me as vossas ideias e baboseiras! Façam-me rir como se estivéssemos na palhaçada juntos! E assinem os comentários… também dá jeito saber quem está a falar comigo. ~


2.1) Como ler esta novela mexicana de baixo orçamento
Para aqueles que não percebem nada destas andanças dos blogs, isto começa a ler-se pelo fim. Ou seja, os posts mais antigos são os que estão no fundo da página. Sempre que publico um novo post, este surgirá no cimo da página, sobre todos os outros. A certa altura eles começam a ficar arrumados por arquivos referentes a cada mês; cliquem aqui do lado direito onde diz "Blog Archive" e podem aceder aos que já não estão visíveis.


3) Acerca das mensagens pessoais que vou deixando nos posts
Como referi na inauguração do blog, deixarei mensagens pessoais para alguns de vocês na maior parte dos posts que fizer. Não serão mais do que apartes, “private jokes” (gostaram deste amaricanismo?), pensamentos paralelos ou recordações de coisas que fizemos juntos… mas é uma forma que tenho de mostrar a cada uma dessas pessoas que estão presentes no meu pensamento nos mais inesperados momentos do meu dia-a-dia. Essas mensagens vão surgir no meio de frases, entre parágrafos ou onde calhar, mas estarão sempre marcadas da mesma forma: entre hífens “---“ e com o nome da pessoa a quem são dirigidas sublinhado e em negrito. Por exemplo “Ah e tal, vim de lá de baixo dizem-me que não sei quê, chego aqui e afinal parece que não ---este gajo escrevia os Lusíadas mas eram pelo menos 5 volumes, ó Camões---“. Simples, não é? :) As “mensagens” que não tiverem um nome são para quem conseguir apanhá-las! ;)

4) Acerca dos telemóveis
Trouxe ambos os telemóveis, mas apenas o vodafone está operacional. Não consigo ter roaming a funcionar no TMN, por isso contem apenas com o 91 para me contactar. NÃO TELEFONEM! Senão tenho que ir deixar o rabinho ali na casa das máquinas e pedir-lhe para não o estragarem muito e para serem generosos na gorjeta, para poder continuar a carregar o telemóvel. A melhor opção é mandarem um SMS. Não tem custos acrescidos para vocês e é grátis para mim. Já o contrário, sai caro. Cada SMS que eu mandar custa 48 cêntimos, e isto numa versão telegráfica. Tenham apenas atenção ao relatório de envio e entrega porque acho que se estiver em alto-mar e tiver o telemóvel sem rede ou desligado, as mensagens ficam pelo caminho e nunca chego a recebê-las. Quando isso acontece, vocês recebem o relatório falhado. Não podem mandar-me mensagens MMS com fotos porcas… nem que estejam cheios de saudades! Para isso usem o e-mail. Eu até vou gostar da surpresinha!


E acho que é tudo no que toca a instruções. Este post é uma 2ª via, porque o outro apagou-se estupidamente quando tentei mudar o tipo de letra e tive de re-escrever tudinho de novo. Acho que falta qualquer coisa, mas como preciso levantar-me daqui a 3 horas para tratar de documentos com a Emigração, logo faço uma errata ao “post de instruções”. Afinal de contas, este ainda é um blog em construção!

Acima de tudo, divirtam-se aqui comigo. Leiam e escrevam os vossos comentários e divulguem o endereço disto a todos os que acharem que vão gostar de saber de mim. É bom saber que alguns de vocês vão estar aí desse lado!

P.S.: o primeiro post “com história” já está escrito e estava só à espera aqui do livro de instruções… por isso não percam o próximo episódio, porque nós também não!

sábado, 26 de janeiro de 2008

Está inaugurado...

... mas está inacabado. Afinal de contas, sou português, e nunca iria abrir alguma coisa que estivesse já completa e a funcionar a 100%. Há que manter-me fiel às minhas raízes, mesmo estando do outro lado do mundo!

Para já está criado o blog. Mais tarde surirão os posts com aventuras, desventuras, fotos, vídeos e tudo o que aparecer de engraçado, interessante, ou nenhum dos dois... afinal de contas, serei o único a escrever aqui e poderei não ter conteúdos que encaixem nessas duas categorias.

Aguardem com ansiedade pela publicação do primeiro relato da aventura de UM BACALHAU DAS CARAÍBAS! Será maluco, como tudo o que faço. Magda, espero que seja como as minhas passagens de turno, que sempre te fizeram acordar e rir, mesmo quando o cenário era o mais negro que poderíamos ter no início dum turno.

Aqui publicarei o que puder e quando puder, mas tentarei sempre ter uma ou outra palavrinha dirigida para alguém que seja especial para mim. É a partir de agora que podem bombardear-me com e-mails a perguntar por que ainda não tiveram direito a uma dessas "atençõezinhas"!

Para já é tudo. Escreverei offline e publicarei os textos quando tuuuuuudo estiver orientado, porque 3 horas de internet custam 20 dólares. Sai mais barato escrever desligado e ligar-me depois apenas para publicar o texto.

Para já é tudo. Está aberta a sala de exibições do novo Blockbuster de 2008: Bacalhau(s) das Caraíbas! Num blog perto de si...