quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

A emoção de voar e a seca de fazer escala entre vôos...

Passando aquela emoção inicial de parolo que nunca andou de avião e que fica em pulgas com a aceleração brutal da descolagem, o que é voar para algum lado? É perder tempo de vida! Temos de fazer o check-in duas horas antes da suposta partida do avião (isto se não houver atrasos). Depois vamos embarcar e apanhamos outra seca, todos sentados a olhar para o ar, à espera que nos deixem entrar para dentro do avião, como se isso nos fizesse chegar mais depressa ao nosso destino. Quando finalmente abre o portão de embarque, levanta-se toda a gente, como se estivessem a oferecer alguma coisa para lá da porta que acabou de abrir, e metem-se todos em filinha indiana. Não será mais cómodo permanecer sentado até que todos tenham entrado e já não haja fila? É que isto não é como andar de comboio ou autocarro, que quem chega depois vai de pé! O que mais me deixa perplexo são aquelas pessoas que vêem que existe uma fila enorme para embarcar e, ainda assim, levantam-se a reclamar e vão meter-se meeeeeeeesmo no fim da fila e ficam a espreitar por cima do ombro do gajo que está à frente... afinal de contas, há que ir espreitando se a fila avança ou não, para poder reclamar quando a mesma pára. Realmente, a mente humana tem mistérios que nunca irei desvendar. Eu sou sempre o último gajo a embarcar. Fico sentado e só me levanto quando já não houver fila. E o engraçado é que, chegando ao avião, tenho lá o meu lugar marcado na mesma! Se algum de vocês pertence à tribo dos que adoram fazer filas, mesmo não sabendo pelo que se espera, deve estar neste momento a chamar-me herege e infiel. Mas não sou nada disso... tenho mesmo é a mania que sou esperto! Sou um orgulhoso adepto do "chico-espertismo".

Dentro do avião, já tudo sentadinho e com bagagens arrumadas. Mas não vamos descolar já... temos de assistir ao vídeo de segurança e à espantosa coreografia das hospedeiras a dizer por onde saímos se houver alguma avaria a 10000 metros de altitude! Pelo que percebi de todas as vezes que voei, o colete salva-vidas é uma invenção maravilhosa porque nos possibilita sobreviver a um acidente de aviação desde que tenhamos um correctamente colocado. "Pull the red cord to inflate the life-vest or inflate it manually by blowing into the red tubes". Perdão?! Insuflar manualmente metendo a boca no pipo?? "Manualmente"?! Mas é com a boca ou é com a mão? Ou estarão eles a dizer-nos que ir lá com a boca ou com a mão é a mesma coisa? Porque aposto que em Amesterdão a boca e a mão têm preços diferentes na factura! Dizer que meter a boca no pipo é um procedimento manual é igual a dizer que um bico e uma punheta são a mesma coisa!! (se bem que, tendo em conta a falta de talento de algumas pessoas, algumas vezes mais valia ficar pelo procedimento manual - mas isso já é assunto suficiente para abrir um blog novo!)

O momento que mais gosto antes da descolagem é mesmo esse: quando as hospedeiras pegam no pipo vermelho e cilíndrico do colete, o erguem até junto da face e, segurando-o delicadamente com a ponta dos dedos, projectam os lábios cuidadosamente pintados, humedecidos e entreabertos na sua direcção. Isto, meus senhores, é pornografia no seu melhor nível! É sempre neste momento que espero ver surgir por trás dela um canalizador musculado e de pele oleada, com um fato-macaco aberto até ao umbigo e que lhe pergunta se está necessitada de ajuda com a canalização. Mas isso nunca acontece. Está visto que as transportadoras aéreas precisam rapidamente de contratar melhores guionistas e directores artísticos. Aaaah, o fascinante e original mundo da pornografia!

A emoção de voar continua. A descolagem é o que mais gosto. Adoro aquela sensação de aceleração vertiginosa e o rugir dos motores, bem como a inércia que faz com que as nossas entranhas queiram continuar a 300km/h numa direcção e o avião nos puxa para cima, dando aquele arrepio na barriga como num carrossel ou montanha-russa.

 

A aeronave guina para um lado e para o outro enquanto encontra o rumo e rota adequados e aproveitamos para tentar localizar a nossa casa e outros pontos de referência. Obviamente toda a gente faz isto. As gentes mais sofisticadas disfarçam mas os saloios, como eu, não se preocupam com isso. Tenho cara de papalvo na mesma, não vou aparentar ser mais evoluído apenas porque mantenho uma postura de senhor viajado que já não liga à emoção de ter asas durante umas horas.

A meu ver, há um grande parolo dentro de cada um de nós. Basta para isso questionar: qual de vós não tem pelo menos uma foto das nuvens tirada quando se atinge a altitude cruzeiro? É sempre aquela foto que tiramos com grande entusiasmo. E é também aquela que nos desilude porque o resultado final é uma grande cagada.

A refeição a bordo é algo que consigo comparar áquele jogo em que se coloca apenas uma bala num revolver, roda-se o tambor, aponta-se à cabeça e prime-se o gatilho. Comer num avião é uma verdadeira roleta russa! Vejam o meu exemplo do vôo entre Frankfurt e Atlanta: mal entrei no vôo seguinte já estava a vomitar-me todo! A analogia é perfeita: um dos recipientes da comida tem bicho. Calhou-me a mim a preparação para a colonoscopia... ao menos fiquei limpinho por dentro!

Acontece que a partir daqui o resto da viagem é uma seca. Não se passa nada. Com sorte queimaram duas horas e meia desde a descolagem. Mas numa viagem longa, de onze horas por exemplo, ainda faltam outras oito horas para chegar ao destino, se lhes descontarmos meia hora para a aproximação e aterragem. Contas feitas, estamos sentados durante oito horas a tentar descobrir formas de fazer passar o tempo. Visto deste ponto de vista, não fui mais do que um funcionário público nas quase onze horas! de viagem entre Frankfurt e Atlanta. Sedentário durante oito horas e inventar esquemas para o tempo passar mais rápido. De vez em quando lá aparecia uma hospedeira que me perguntava qualquer coisa e eu sem interesse resmungava qualquer coisa entre dentes para tentar despachá-la. Tal e qual como quando vamos às finanças! Mas normalmente aí somos nós as hospedeiras. Se quisermos aprofundar mais, podemos comparar aquela meia hora da aproximação e aterragem com a meia hora antes da repartição das finanças fechar as portas. Estamos tão excitados com a emoção de aterrar (ou de ir para casa, depende da situação) que já estamos com tudo pronto para ir embora e não fazemos mais nada! Como vêem, tudo na vida tem uma analogia! Vivemos uma grande e complexa metáfora, só precisamos ter os olhos abertos e saber para onde olhar.

Terminada a fatídica viagem o que temos de seguida? Esperar mais duas horas e meia pelo próximo vôo, "psch-tá claro"!

É pena não haver este franchise em Portugal. Têm bebidas bué boas!

 

Hoje viajei de Mobile para Atlanta e daí para Cozumel. Aproveitei o tempo que esperei para explorar o Hartsfield-Jackson Atlanta International Airport, comprar um jogo para a PSP, beber um café no Starbucks e escrever metade deste post.

Operation HartBeat

Achei espectacular que o aeroporto de Atlanta tivesse uma iniciativa que chamam "Operation Hart Beat" (trocadilho com heart e Hartsfield, o nome do aeroporto). Então estes senhores têm, espalhados estrategicamente por todo o lado, duzentos desfibrilhadores automáticos externos (DAEs). Ao lado de cada um têm um folheto com gravuras e a falar da iniciativa Operation HartBeat, bem como um mapa do aeroporto com a exacta localização de cada DAE.

 Com instruções e folheto informativo

Voltei a andar de metro dentro do aeroporto para ir de um terminal para o outro. Também há quem lhe chame "tram". Isto é tão grande que há uma dezena ou mais de vôos a partir à mesma hora. Aliás, o meu avião fez-se à pista e enquanto fazia a última curva pude ver lá ao fundo, mesmo à nossa frente, outro a levantar vôo. Os gajos descolam em fila indiana, tal como a malta faz para embarcar!

Precisão ao segundo... e é mesmo real!

A viagem até Cozumel, México, foi bastante agradável. Curtinha e com a hospedeira mais linda que alguma vez apanhei. Ainda tentei mostrar-lhe que estava mortinho para ser "hospedeirado", mas ela não se deixou levar na conversa. Foi o avião mais pequeno em que alguma vez voei. Era tão pequeno que as bagagens de mão vieram fora do avião em cima do tejadilho, amarradas com cordel e com aquela guita branca fininha com que os pasteleiros fecham as caixas dos bolos. Brincadeirinha! Mas é verdade que grande parte da bagagem "carry õun" - este é o sotaque sulista deles e é como soa quando perguntam se levamos a mala connosco - veio num compartimento por baixo do avião, tal como nas carreira de longo curso (aqueles autocarros das excursões da escola primária, que ao regressar para casa no final do dia tinham uma "pintura" nova que se espalhava desde a primeira janela até à traseira). Só tinha bagagem de mão, que foi a que consegui preparar a correr antes de saltar para a lancha da guarda costeira dois dias atrás, e teve de ir nesse tal compartimento. Tirei o portátil e a PSP da mala e levei-os comigo... só por precaução, claro!   ;)

Que grande jogão! Perfeita combinação entre puzzle e plataformas. Recomendo!

Durante a aterragem em Cozumel pude ver o Holiday e outros mega gigantescos "cruise liners". O Norwegian Sun era lindo lindo lindo! Ainda hei-de sondar uma dessas empresas europeias para ver se pagam melhor e em €uros. Depois de estar na Carnival acho que facilmente conseguia emprego numa das outras.

Bienvenido a México!

Apanhei um táxi para o porto mas aproveitei para curtir um pouco de Cozumel. Passeei pela avenida marginal, espreitei umas lojas e fui lanchar ao MacDonalds, já que nem tinha almoçado. Enfardei que nem um porco! Comi um menú "Big Mac Doble" que me custou 80 pesos (são só 8 dólares). Este Doble Big Mac é um big mac igual aos nossos de Portugal mas com quatro hamburgers lá dentro! Houve um momento em que achei que tinha feito uma impactação alimentar! Nem a cola ia para baixo! A bestinha tinha fome e quase morreu "embuchada"!

Não conseguem ler, mas os pacotes vermelhos são «catsup»! Big Mac Doble! Tem quatro hamburgers! 

Fui a uma drugstore e consegui finalmente comprar um corta-unhas, shampoo e outros produtos de higiene. Calhou bem porque no aeroporto de Mobile me ficaram com a pasta de dentes esta manhã. Se vierem viajar tenham atenção a desodorizantes, perfumes, gel e etc.. Eles não permitem grande parte desses produtos na bagagem de mão.

 Para poder andar bem tratadinho! Pele macia e hidratada, para as meninas fazerem festinhas!

Este corta-unhas vem mesmo a calhar, porque da última vez que saí do navio e voltei a embarcar eles não queriam deixar-me entrar por causa das unhas dos pés, argumentando que não são permitidas armas brancas a bordo!

Fui ao Hard Rock Caffe mais pequeno do mundo e comprei uma guitarra mexicana a dizer "Hard Rock Cozumel" para um amigo que estava sempre a chatear-me para lhe levar uma ---espero que deixes de pedinchar a partir de agora, Serra!---

 

Acho que vou gostar desta vida

E pronto. Apanhei um dos vaivens que estavam a fazer serviço ao Holiday e cá estou eu a bordo. Tentei tirar uma foto ao meu primeiro pôr-do-sol em Cozumel, mas fiquei sem bateria quando mexi no telemóvel e o ecrãn se acendeu. Já só apanhei meio sol... mas dá para terem uma idéia.

Por-do-Sol em Cozumel

Fui entregar o passaporte à nossa Manager Staff Administrator (MSA) e estava a minha bailarina preferida a entrar no navio. Fez uma grande festa e viemos, tal como no outro dia, a conversar até às nossas cabines. Ainda me disse "glad to see you, it's good to have you back" e um "see you later". É que ela apanhou-me a sair da cabine de mala às costas quando evacuámos o doente há dois dias atrás.

Protegi a identidade da rapariga, Sr. Código Postal

Já vivo na Holiday Dancer Avenue, como elas lhe chamam... agora tenho que conseguir "penetrar" mais no "seio" do grupo das dançarinas! Alguém tem sugestões?   ;)

Esta foto está colada no início do nosso corredor!

4 comentários:

Bruno Pascoal disse...

elisabete disse...
Aposto que mais meia dúzia de viagens de avião e deixas de sentir toda essa emoção, a não ser que a coreografia das hospedeiras se torne ainda mais interessante ;)

Com que então DAE´s espalhados pelo aeroporto...ouvi dizer que em Portugal também vão fazer isso...lá para 2030 passa ser autorizado aos TAS...e qualquer coisa com 2050 estamos ao nivel dos "amaricanos"

Beijo grande e boas danças ;)

Bruno Pascoal disse...

Claudine disse...
Bom... até bufar no pipo das hospedeiras é pornoerótico... vê se começas a ter umas aulinhas de dança na tua "avenida"!!
Beijo

30 de Janeiro de 2008 21:56

Bruno Pascoal disse...

Tive de republicar um post e apagar o antigo. Copiei os comentários para aqui.

Anónimo disse...

Ainda estou a tentar lembrar-me do número ordenativo deste pecado:
INVEJA! ;)