quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Guia de sobrevivência para “amigdaléticos”

Atenção - tomar uma metoclopramida antes de olhar para esta foto

O que fazer quando se acorda com a garganta neste estado? Aprendam tudo aqui, numa curta lição de vida… uma lição sobre dor, sofrimento, sacrifício, delírio e perfeita estupidez! Em apenas vinte e três passos!

Histórias da vida, aqui neste seu blog.

1) Lavar bem a boca e não falar directamente para ninguém… isto não pode nunca dar bom hálito a alguém;

2) Ir chorar para os colegas do hospital para te darem uma injecção para tirar a dor e conseguires, finalmente, comer e beber qualquer coisinha… isto depois de estares mais de uma hora na sala de espera duma conservatória do registo predial, a tentar conter a raiva para não partir tudo ao pontapé, enquanto lutas contra a fraqueza e a febre;

3) “Levar no cú” do colega que se ri ainda com a agulha na mão e salvar uma velhinha desorientada de ficar sem um braço enquanto a sua maca era levada dum lado para o outro;

4) Pedir uma receita de antibiótico a uma médica que gostes muito e a quem acabas por deixar a impressão errada de que só lá foste dizer “olá” porque precisavas de ajuda… quando na verdade estavas mesmo contente por rever a querida doutora Maria Tinóni e que não foste só lá atrapalhá-la quando estava cheia de trabalho;

5) À tarde adormecer no sofá, acordar duas horas depois com o corpo a ferver e a tremer de frio de tal maneira que mijar de pé e conseguir acertar dentro da sanita foi o maior desafio das férias;

6) Conseguir estar em condições para fazer jantar e receber uma grande amiga que está desde Julho a tentar encontrar-se comigo e que não consegue por causa da tua agenda super ocupada… no final pede desculpa pela massa que ficou salgada demais;

7) Conseguir aguentar a febre duas horas e meia antes de poder tomar mais uma dose de paracetamol e, pelo meio sem te lembrares que o fizeste, manda mensagens no telemóvel a desmarcar compromissos do dia seguinte;

8) Acordar a delirar enrolado em cobertores e ganhar coragem para ir tomar os comprimidos… sempre com a idéia “já os tomei, ou estava a sonhar e nem me mexi da cama?”;

9) Ficar acordado a noite toda porque é impossível adormecer profundamente com a dor ao tentar engolir a saliva e porque a febre insiste em não ceder ao paracetamol, ibuprofeno, meloxican e diclofenac (não havia mais nada em casa);

10) Ouvir o relógio apitar de hora a hora, como os velhos quando já só dormem duas a três horas por noite;

11) Saír da cama de manhã e, em desespero, auto-administrar no rabo um diclofenac intramuscular fora de prazo;

Só passaram sete meses... certamente não me vai apodrecer o cú... e no caso de anafilaxia, basta espetar uma caneta na traqueia e chamar os bombeiros de Favaios

12) Conseguir resistir à reacção vagal que se instalou assim que a agulha passou a epiderme, sem vomitar e sem desmaiar, até conseguir chegar à cama e ficar deitado de patas para o ar à espera que os suores e a hipotensão sejam resolvidos pelo “organismo” (adoro esta linguagem popular!);  ---“palavra d’honra, Toscano!---

13) Tomar um duche, vestir roupinha lavada e enfiar uma lanterna na mala para mais tarde mostrar aos amigos a garganta que mete nojo aos cães (mas fá-lo com o orgulho de quem tem algo podre no corpo);

14) Saír de casa atrasado para almoçar com três amigas que não vês há anos e parar primeiro na farmácia para implorar por um anestésico local para a orofaringe… tudo com voz de “Cocas o Sapo” porque as amigdalas já te obstruem 80% da via aérea;

15) Comer uma açorda porque é a única coisa que consegues engolir;

16) Passar a tarde com um grande amigo e acabar por ir jantar com ele e outros grandes amigos, sem estares à espera que o teu dia fosse acabar assim;

17) Antes de ires para o jantar pede um paracetamol aos amigos;

18) Passar o serão a divertires-te e a matar saudades dos amigos sem ceder ao desespero da amígdala infecta;

19) Receber um inesperado convite para ir ao cinema assistir a uma ante-estreia e não poder aceitar porque foi o dia mais inesperado e ocupado das férias;

20) Submeteres-te a um teste de coragem e deixares que te espetem nove agulhas no corpo todo, na tua primeiríssima sessão de acunpunctura… e fazeres figura de panasca porque tens medo que te espetem agulhas da grossura dum cabelo;

Todo espetadinho! Nem o pescoço escapa...

21) Dizeres adeus aos amigos com promessas de se verem outra vez antes de ires embora (conversa típica de enfermeiro/emigrante) e deixar uma amiga em casa porque o marido foi fazer noite e ela ficou sem boleia;

22) Tentar adormecer quando o simples e involuntário acto de engolir saliva te mantém acordado… e esperar por um dia melhorzinho amanhã.

Vocês não imaginam o sofrimentoooooo! Estas agulhas eram potenciais pneumotoraxes!

Já agora deixo aqui a minha singela homenagem a um amigo querido que faleceu. Apresento-vos o Bruno Aleixo… um dos vídeos é notoriamente a falar de mim, “drógádo”.

3 comentários:

Anónimo disse...

nunca bebas água gelada porque ficas com dores de garganta


O CONSELHO QUE TE DEIXO

MANO Mário

Anónimo disse...

O café do Aires devia ser fechado pela A.S.A.E.




mano Mário

Unknown disse...

Isto é o que dá, andares a dormir fora de casa e com o CÚ destapado!

Abraço
Bishop