Nota: este post já foi escrito há quase uma semana mas tive de esperar até ter ligação de jeito para enviar todas as fotos
Hoje é "sea day". Amanhã é dia de Progreso. No dia seguinte é Cozumel de novo. E meus amigos, deixem-me contar-vos acerca do último dia passado em Cozumel!
Foi a loucura desde o momento em que meti as patas fora do navio. E tudo começou há algum tempo atrás. Há umas semanas fui ao meu local de eleição em Cozumel, a Wendy's Margarita House. Quando vinha com o Dale a caminho do navio, ainda cedo porque ia trabalhar às 16h, cruzámo-nos com algumas bailarinas e o Eddie (baixista e director musical). Iam jogar mini-golfe e convidaram-nos para um joguinho. Infelizmente recusei porque ia trabalhar. O Dale recusou porque ia ao Hotel Barracuda encontrar-se com alguém no No Name Bar. E o grupinho lá seguiu para o mini-golfe enquanto nós dois seguimos no sentido inverso.
Desta vez estava de folga. E perguntei à Jaime (ruivinha e canadiana, muuuuito gira) se iam de novo ao mini-golfe porque estava de folga e podia ir com eles. Juntei-me então ao grupinho e lá fomos nós: Jaime, Eddie, Sam, Cherie, eu e Melody. No sítio onde íamos apanhar o táxi para o centro de Cozumel estavam já outras bailarinas à espera. E seguimos todos, nove no total, numa carrinha táxi. Fomos almoçar a um restaurante de comida oriental. Foi fixe e comeu-se bem. Dali, umas seguiram para as compras, outras para outros sítios e eu fui com o grupinho do mini-golfe. Bebi um Long Island que me deixou com a cabeça ligeiramente à roda. Tonto mas divertido!
No mini-golfe deram-nos uns walkie-talkies para pedirmos bebidas e lá fomos nós. Começámos com uma rodada de shots de gelatina. Buraco a buraco lá fomos nós de taco em riste. Muito calor e muita risada. Sangria, cerveja, shots de gelatina... e iguanas em todo o lado. Nós temos lagartichas, os mexicanos têm iguanas do tamanho de cavalos! As iguanas andam em cima dos muros e por todo o lado... MESMO! Na rua, quais gatos vadios nas ruas de Lisboa.
Posso finalizar a história do mini-golfe dizendo que a certa altura já não me apetecia andar às tacadas e a correr atrás da bola que teimava em caír ribanceira abaixo e para dentro de tudo o que eram obstáculos de água! Álcool e mini-golfe não se misturam bem, digo eu.
Do "green" seguimos para um bar muito fixe chamado "Fat Tuesday" e sentámo-nos na esplanada. Muita comida, cerveja mexicana e shots não sei de quê. Terminámos a tarde em grande e voltámos ao navio. Não me lembro de muitos pormenores ou de grande parte das fotos que tirei. O Eddie afirma que me deitou na cama e que eu andei no corredor de almofada debaixo do braço e que me disse "this isn't fucking camp, just go to bed"! Acordei perto das nove da noite, jantei, tomei qualquer coisa para a dor de cabeça, duche para refrescar as idéias, barbinha feita e arranjei-me para a festa.
Era noite de Black and White Party no salão Doc Holiday no deck Promenade. Nas noites de Cozumel há sempre uma festa com música ao vivo e buffet mexicano no Lido Deck junto à piscina. É a noite ideal para organizar festas para a tripulação nos salões das áreas públicas, seja a discoteca ou o salão Doc Holiday, já que todos os passageiros estão a enfardar que nem bois no buffet à beira da piscina.
As dançarinas estavam todas vestidas para arrasar. Que vizinhança tão bonita que eu tenho! Acabei por vestir as calças do meu inseparável fato que todos dizem que foi feito por encomenda porque assenta tão bem... mas que foi comprado no Jumbo de Alfragide! Calcinhas do fato, camisa preta e gravata branca. Só me faltava um chapéu branco com uma fita preta para parecer um verdadeiro gangster. Ainda perguntei à Nicole, uma das dançarinas, se devia levar o casaco, mas ela disse que não. Também gostei do resultado final sem casaco. Tirámos umas fotos à porta do elevador antes de subirmos ao Promenado Deck (nono andar do navio) e seguimos.
A noite foi fixe. Montes de gente, a música não estava alta demais e a malta até conseguia estar na conversa. E é sempre bom ver, com roupas de "ir à rua", aquelas colegas com muito bom aspecto que andam sempre fardadas no dia-a-dia. Fiquei fã da malta da Europa de Leste!
Tirei cerca de 145 fotos desde que levantei o cú da cama neste dia! E ainda me arrisquei a ser fotografado por um dos fotografos do navio, em fundo branco e com equipamento profissional. Saíram tão bem as fotos! Quaaaaase fiquei bonito e tudo! Afinal a tecnologia faz milagres! E o chapéu branco com a fita preta apareceu milagrosamente: o Dennis (o dançarino de cabelo comprido da foto aquática de um dos posts anteriores) tinha um e roubei-lho para as fotos. Espectáculo!
Este dia ficou gravado na história como o mais divertido desde que cheguei! E depois de amanhã estamos de novo em Cozumel... mas desta vez vou portar-me bem. O Eddie está fora do navio durante dois cruzeiros e o Dale está a substituí-lo como director musical. 'Tadinho, está a morrer de stress. Nem come, sempre de volta de um monte de burocracias.
Não tenho estado muito tempo com a Talia. Anda estranha e já não estamos tão próximos como antes. Também é verdade que ando com outras pessoas e os meus dias estão muito mais ocupados do que antes. Chegámos mesmo a ter uns arrufos, mas nada de grave. Ontem falou-me em desistir e ir-se embora porque não quer continuar. A melhor amiga dela a bordo vai embora no final deste cruzeiro, no mesmo dia que o Dale, e ela acha que depois da Kim sair ela não vai aguentar isto muito mais tempo. Logo se vê...
No último dia em Mobile estive de folga e fui inesperadamente convidado pela Parish para passar o dia com ela. A Parish é a vizinha da frente e divide o quarto com a Melody. É americana, formada na faculdade como professora de música. Dança, representa e é professora de música. Quem diria! Quase toda esta gente tem um curso superior. Muitos não trabalham na área em que se formaram, mas no caso das dançarinas até não fogem muito do que estudaram. Muitas estão a tirar o curso de dança ou artes ou música ou coisa parecida e trabalhar a bordo é uma espécie de pausa nos estudos.
Pois a Parish tem vindo a revelar-se uma verdadeira surpresa. Há quem diga que existem duas... e que é uma espécie de vampira que só se revela à noite. Comigo acho que só existe uma Parish. E é uma que não se cala um segundo, super divertida e hiper-activa.
Para aqueles que já estão a desenhar grandes romances: esqueçam. É completamente apanhada pelo namorado, um ex-jogador de basebol que lesionou um ombro quando ia tornar-se profissional e agora é treinador. Contou-me que é doida por ele e que planeiam casar e comprar casa quando terminar o contrato no navio.
Estava mortinha por comida mexicana... do Taco Bell! Para quem não está familiarizado, Taco Bell é uma cadeia americana de fast-food mexicana. Ou seja, ela queria comida americana a fingir que é comida mexicana... como se não fosse ao México duas vezes por semana. E aquela porra era longe! Foi quase uma hora a andar, com uma pausa na biblioteca para experimentar a ver se tinham wireless grátis. Acabou por ser no Taco Bell que encontrámos internet grátis e super rápida! Maravilha!
Foi um dia bem passado. Descobri uma miúda espectacular, super divertida e com quem passei o dia todo a rir. Já tínhamos passado uma noite gira na festa Black and White, mas era a noite do aniversário dela e ela tinha bebido uns copitos de vinho a mais. Descobri foi que sóbria é tão divertida como com vinho. E melhor, descobri que comigo não existem as "duas Parish" que os outros dizem que existe.
Hoje é noite formal. Estou na enfermaria até às 20h e talvez me vista a rigor para ir passear.
Tenho tantas fotos para meter aqui que certamente só farei o upload de tudo em Cozumel, quando tiver uma ligação de jeito.
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Grande post! Hoje é véspera de Cozumel. Estivemos ancorados em Progreso, mas trabalhei o dia todo e estou agora de chamada. Tenho tido sorte... nem uma chamada até agora! Estou só sentado na minha cama, de porta aberta, a tentar terminar este post para fazer o upload amanhã em Cozumel. Tenho os dedos da mão esquerda a latejar. Estive umas três horas a tocar guitarra, a tentar fazer as pazes com ela, a pedir-lhe desculpa por não lhe ter pegado durante anos. E ela desculpou-me, mas vingou-se nos dedos. Há já muito tempo que não tinha bolhas na ponta dos dedos - e alguns de vocês podem estar a rir e a dizer "deves ter bolhas nas mãos e não é da guitarra" -.
Vou começar amanhã com as aulas de guitarra com o Matt. E hoje já dei a dica à Parish e vamos falar sobre uma coisa amanhã: quero aulas de canto. É desta que me torno um artista de renome internacional! Vamos ver se crio bases musicais. Teoria aliada à prática adquirida (e esquecida) ao longo dos anos.
É bom voltar a ter gosto pelas coisas que abracei há anos e que larguei nem sei bem quando ou porquê. Sei que em parte foi pela vida de cão que levava em Portugal, a trabalhar 16 horas por dia, sem vontade para nada quando chegava a casa. Descobri que tenho músicas da TAE no portátil e estou a pegar em tudo ao mesmo tempo! Para já o meu repertório conta com I Miss You de Incubus, Tears In The Rain de Joe Satriani, 316 de Van Halen e Silent Man de Dream Theater. Quando tiver estas na ponta da língua - e dos dedos - arrisco a tocar numa qualquer festa de tripulantes.
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Pequena pausa na escrita! A minha chefe veio chamar-me para irmos à festa de St Patrick's Day. Com as minhas calças do bloco do HSFX, "scrubs" branco com logotipo "Carnival Medical Operations", dois pagers, rádio motorola e mala médica com rodas (qual carrinho de compras das velhas) lá fui eu à festa. Levei a t-shirt do Lanterna Verde e vesti-a sobre o fato de circulação, para não destoar e ter algo verde. Seis horas depois estou de novo sentado na cama a escrever. Foi festarola até agora. E nem uma chamada! Isto sim é fazer noite... não é cá como no HFF, a trabalhar que nem um mouro!
Não tenho fotos porque não levei a câmara, mas tirei umas quantas com a máquina da Chavonda. Depois meto aqui algumas para verem!
Acho que por agora chega. Com a quantidade absurda de fotos que meti aqui agora duvido que consiga fazer o upload disto amanhã. Vou dormir sobre o assunto e vocês vêem o resultado final mais cedo ou mais tarde.
Viva a vida de emigrante!
P.S.: alguém sabe se o Sarmento está vivo? Já alguém lhe dava o endereço disto e o obrigava a vir cá dizer uma palermice qualquer.... tenho saudades dele!